39 anos de um vulcão

E assim eu vou caminhando, um passo na frente do outro, um de cada vez, com euforia, com garra, com alegria, na marra, eu vou seguindo, às vezes voando, às vezes caindo, me debandando pra lá, engatinhando de volta pra cá, sem eira, nem beira, entre giros e girais, nos fundos de quintais.
Depois de um certo tempo me procurando em outra serventia, me vejo voltando aos poucos ao que disseram ser meu berço. Agora volto fruta madura, caída do pé e volto pra plantar as sementes que trouxe de lá, do lado de lá daquele beco sem fim...
Mesmo lá, mesmo cá está valendo a pena.
Vale a pena até chorar, e como estou chorosa hoje, viiiixe. Aquelas lágrimas salgadinhas que teimam em ficar molhando essa tez cansada, e elas escorrem para o peito já cansado de pulsar tão rápido, querendo um sossego, um lugar tranquilo, dentro de um abraço de urso, sei lá. Um lar, talvez esse cansaço seja pela louca procura de um lar que não tem parede, nem teto, nem nada.
Eita, que hoje está difícil até poetar, fazer falsetes de si mesma. Acho que é a validade que está vencida. Mas ainda serve pra adubar.
E por falar em fazer deste corpo adubo, lembrei do dia que o Salve Rainha chorou e eu fiz meu testamento (e não é a primeira vez que traço o caminho dos meus bens, que não tem valor comercial, só é sentimento disfarçado de tesouro). No testamento que está escrito pra todo mundo ver, só tem desejo bom para todos ao meu redor. E porque eu não os doo em vida? Pra que morrer para esperar dizer que amo tanto tanta gente? Pra que sair desta Terra pra mostrar para os outros que eu quero só viver intensamente cheia de amor para transbordar por aí?
trinta e nove não são dezenove, e isso é uma bênção, chegar aqui ainda com força de outrora, estou muito feliz, acredite, mas não estou satisfeita, ainda tenho uma energia que pulula, tenho em mim um burilamento que mais parece vulcão, e me deixa uns dias tão explosiva, que pareço destruir o que me envolta a pele.
Rum, estou falando demais. Mas é só o que me permito hoje, tagarelar.
Eu me permito falar, cantar, gritar, sussurrar e não me ouvir, já chega de tanto me dar ouvidos.
Eu realizei todos os sonhos que sonhei aos dezenove.
Mas agora eu tenho mais que o dobro de sonhos que um dia eu sonhei. E hoje eu desejo, ao apagar minhas velinhas que eu possa ter mais uma bela duma estrada para realizá-los, um por um, com gostinho de luta, de garra, de suor derramado, de Amor doado...
Eu sei pra que vim. Só não sei como vou. Mas EU VOU!!!
#tatyfaz39

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A história da menina do pé quebrado

A felicidade bestializa, só o sofrimento humaniza as pessoas ”... Mário Quintana.

Origem da Família Guimarães Rocha