E por falar nos sonhos que sonhei...

Ah, sonhos meus, onde estão que não te vejo?

Enquanto durmo, acabo por sonhar em lugares que me deixam excluída, onde não sou bem vinda, onde sou inconveniente. Sonhei num hospital, querendo cuidar de quem eu amo e 3 pessoas na porta apontam pra mim e indicam pra eu ir embora. Sabe, aquela sensação de impotência, de sentir-se tão pequena, que não posso alcançá-lo, ouvindo o choro dele, a voz trêmula dizendo: Taty, tô bem, vai!!!
E eu que nem sei interpretar sonhos, sei o que isso significa. O que está engasgado aqui na garganta e não consigo falar. O que aperta meu peito na certeza de que, eu não posso ultrapassar aquela porta, meu lugar não é ali... e fica aquela sensação de que ele precisa de mim, de meus cuidados, de minha atenção, de meu carinho, de meu amor... só que é impossível.
Sonhei um sonho recorrente, umas três ou quatro vezes... eu vou a um lugar, comprar o bolo de aniversário, dirigindo, o carro dele. Sinto bem a cena, estaciono num lugar normal, entro numa sala com bolos, compro, pago, levo e ao sair não sei em que lugar deixei o carro, apito o alarme da porta, aperto com força, começo a andar sem rumo, subo e desço a rua e nada... e o choro é inevitável, aquele medo de nunca mais ver o carro, o desespero de ligar e avisar que perdi algo tão precioso dele, a sensação de impotência por ter perdido.
Dos mais angustiantes eu chego num bar, conhecido, cheio de amigos, chego toda feliz, pulando de alegria, por vê-lo ali, de costas, com um copo de cerveja na mão. Eu vou abraçá-lo pelas costas, chego, consigo tocar, consigo sentir o cheiro dele e ao encostar ele sai, sem nem olhar pra trás, se esquivando do meu toque, me deixando tão envergonhada, tão pequena que começo a chorar copiosamente e saio de cabeça baixa, apenas ouvindo risos abafados e gargalhadas e sussurros... A vontade de chorar é tão grande, é tão forte que eu acordo chorando, suspirando de angústia...

Pois é, como disse, eu não sei interpretar sonhos.
Mas, tenho a mera impressão de que nem preciso.
Desabafar aqui é bom pra mim, me alivia e me faz compreender algumas coisas.

Das autoavaliações diárias e constantes sobre como eu estou agindo e como estou sentindo tudo nesses últimos meses me fazem ter a certeza de que não dá pra esperar muito do que estou vivendo. É melhor eu deixar fluir e não me apegar a nada. Aprender até a não me apegar a nada. Saber que eu não sou nem um dedo dessa mão, posso até me considerar um pedaço de fita no dedo mindinho esquerdo, que ora aperta, ora afrouxa, mas é só um pedaço de fita e nada mais.
Mas está tuuudo bem.

ISSO TAMBÉM PASSA.

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