Os frutos do meu ventre

Eis aqui toda razão da minha luta diária. 
E não tenho mais o que querer. 
Nem preciso obscurecer meus objetivos. 
Nem tenho necessidade de fazer mal a você.
E no mais eu quero conseguir terminar minha faculdade, pra dar exemplo aos meus.
E no mais quero deixar sementes de AMOR, ALEGRIA E SORRISOS POR ONDE EU PASSAR.
E no mais eu almejo minha casa, meu fusca pink, minha biblioteca e meu jardim de flores e girassóis.

E no mais é TUDO ISSO QUE SOU.




Identifico-me em poesia.
Respiro poesia, todo dia...

Poema de Pessoa, hoje, é esse: Tabacaria.

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa. - Fernando Pessoa

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