PESADELO DE HOJE

O dia em que a dor subiu, em que as lembranças vieram como faca, em que eu tive que vomitar o passado. Vomitei, mas não tudo, ainda tem tanta coisa engasgada, porque é muito diferente expor um passado podre para uma pessoa fria, que quer fatos, que quer atitudes comprometedoras, sem se importar com meus sentimentos, meus medos, minhas vergonhas, coisas que ainda não consegui perdoar de verdade dentro de mim. É tão difícil depor contra mim mesma, mostrar que fui burra, que acreditei numa história velada, que fui vítima de mim mesma. Que agi como uma inocente, inconsequente em nome de um amor falso. Um falso sentimento baseado numa mentira, numa grande mentira. Não consegui dizer que acreditei cegamente num homem que dominou a minha vida, que me fez sonhar por 5 grandes e intensos anos, mesmo tendo uma vida desregrada e cheia de segredos tenebrosos, um histórico de irresponsabilidade e dominação. Calculista, como saiu da boca de outras mulheres que ele se envolveu no mesmo tempo do nosso perfeito amor. Isso é um pesadelo que estou passando, e me dispus a desenterrar momentos ruins, horas difíceis, agressões veladas só para acabar de vez com esse ciclo vicioso, esse relacionamento doentio... desculpe, só consigo chorar, como criança em desespero, pedindo proteção, pedindo colo, pedindo arrego. E tudo está quebrando aqui dentro, coisas que havia guardado no abismo do inconsciente. Ontem eu ouvi que é preciso eu me perdoar para poder viver em paz comigo mesma nesse pesadelo, e vejo que esse é o pior perdão que existe, que muitas coisas eu me culpo por ter passado antes por não ter essa postura na vida que possuo hoje, que eu me culpo mais por não acreditar que existem pessoas que vivem uma vida de mentira e falsidade, eu acreditava no olhar, eu acreditava no pulsar, eu acreditava nas lágrimas derramadas... ai, meu pai, como dói... eu acreditava no que sentia.
E minhas lágrimas hoje encobrem a luz do meu olhar.

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