Qual é minha missão, Meu Deus?

Coloquei o passado no banco dos réus para proteger o meu fruto. Fiz tudo com mão de ferro porque estou com medo. É, eu estou com medo. Medo porque observando a vida mais de perto em sua essência, vi a lei implacável da natureza em que o que se planta colhe, em que a voz que ecoa no horizonte traz de volta a força da consequência, em que tudo o que se faz, volta com a força três vezes maior. Medo mesmo porque eu agora sei que meu espírito carrega todas as mazelas que eu tive, que eu disse, que eu fiz. Independente se eu tinha noção ou não do que fiz quando estava envolvida num ciclo vicioso de mentiras, de ilusão, de violência psicológica, de violência lógica. Independente da minha inconsciência do problema em que entrei, problema que não veio até mim em vão, porque eu preciso passar por tudo para completar minha missão nessa vida, e que tenho que viver até o fim. As pessoas que entraram na minha vida também tem uma missão comigo, e mesmo seguindo cada uma seu próprio caminho, tudo tem a ver, tudo está interligado. É difícil explicar o meu medo hoje. Eu estou tendo que esmiuçar meu passado nesse minuto, contar para mim mesma todas as situações que passei e que me fizeram sofrer, tenho que lembrar de dor, de mágoa, de desesperos que tive e que já havia enterrado há sete palmos do chão das minhas lembranças. Lembranças que havia jogado no lixo para encontrar minha felicidade em recomeçar meu caminho e que só havia de vivo a relação com meu fruto, o fruto de um amor que só existiu em minha mente, a criança mais linda e mais doce da face da terra, de todos os tempos. Sem julgamentos agora. Só lembranças ruins, para falar à justiça dos homens o porque de proteger minha cria de um futuro incerto, mas de uma consequência de tudo o que fiz. Não consigo expressar o meu medo de recontar o passado, hoje como réu do julgamento de toda história que me deprime hoje. Eu sei que isso é necessário agora, para fechar o ciclo vicioso que vivi com as pessoas que mudaram a minha vida. O vício vai acabar, a cura está próxima, mas tenho que ingerir os remédios amargos do tratamento de meu espírito. E quando eu sair dessa doença estarei purificada para seguir meu caminho. Estreito caminho de espinhos e rosas, rosas vermelhas, rosas cheirosas. Qual é minha missão, Meu Deus?

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