Se eu vivesse?


Se eu vivesse queria viajar, de mochila nas costas e nada nas mãos. Deixaria de olhar pra trás e observaria o céu. Seguir meus instintos pode me levar a lugar nenhum e mesmo assim me deixar à beira mar. Um dia eu ia parar, com os pés nas ondas, e ficaria a contemplar toda a magnitude de Deus por horas, por dias, por anos. Contemplar! Era isso que faria se pudesse viver.

Tenho um fascínio especial pelo vento, admiro a missão do ar, uma certeza que existe entre nós e que não precisamos ver para crer (e há quem não acredite na quintessência da matéria). O vento é a melhor explicação que encontrei para justificar minha sensibilidade, não dou formas, não moldo, mesmo podendo criá-lo em alguns lugares, criá-lo não, direcioná-lo por um curto espaço de tempo. O vento é passageiro, é misterioso, é leve. Como eu queria saber onde ele nasce, qual sua matéria prima, de que forma Deus quis nos presentear com sua existência. Observando o vento vejo que ele manda por onde passa, mas sempre passa, eu jamais vou sentir o mesmo vento duas vezes na vida, assim como o rio que passa e segue para um lugar mais grandioso e completo. De onde o vento vem? Quero saber de novo. Qual o seu destino? Que missão ele tem na minha vida?

Sinto-me tão vento agora.

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