CARTA ABERTA PRA FAMÍLIA INTEIRA

 

Tem uma arma apontada pra minha cabeça. Agora. 

 


 

Quando eu me separei do meu primeiro marido, minha filha tinha apenas 1 aninho. Lembro bem que meu pai falou pra eu voltar pra casa pq não poderia criar uma criança sozinha e trabalhar no ritmo que trabalhava... e assim minha filha cresceu...

Quando casei pela segunda vez, foi um relacionamento muito complicado, conturbado, sofri muito e minha preocupação era a segurança e integridade da minha menina. Foram 6 anos assim, tive meu filho nesse período e a mesma conversa meu pai teve comigo: deixe meus filhos aqui e vá cuidar da sua vida.

Quando me separei, tive uma depressão muito forte, fui ao fundo do poço, me desestruturei financeiramente, larguei minha faculdade, meu emprego fixo, sonhos e metas todas foram destruídas por minha tamanha dor... nesse período doloroso tive altos e baixos, problemas e acertos, fiz e refiz minha vida... tudo isso morando na casa dos meus pais, com meus 2 filhos...

Eles cresceram lá dentro. Entre minhas irmãs e sobrinhos q moravam lá também. Em 2014 meu pai faleceu, foi um vazio que se abriu e muita coisa mudou. Papai não queria que eu saísse de casa, nem ficar longe dos meninos... mas quando ele se foi me senti no grande desejo de ter meu canto... por uma discussão com a Norma, resolvi sair... consegui uma casa e na hora de sair minha mãe disse que meus filhos não iam sair comigo... e os meninos disseram que queriam ficar com a vovó. Depois disso aluguei uma quitinete perto de casa... todo dia estava lá. Todo dia ficava no quarto da Mone. Todo dia comia lá e ia pra casa dormir.

Em 2017 fui demitida de um dos meus trabalhos... recebi minha indenização e a pedido da Mone, com ajuda dos 2 filhos dela, comprei um carro, usado, antigo, mas muito bom...

Deixei por uns 6 meses ele na garagem da mamãe pq não sabia dirigir... tirei carteira, saí da garagem e comecei a cumprir o q tinha prometido pra Mone: usar o carro pra família. E os meninos morando com a vovó era a melhor coisa pra eles.

Tive momentos muito difíceis com pouco dinheiro, mas minha irmã me ajudava em tudo. E ainda me presenteava sempre, nossa amizade era muito linda. E ela amava muito meus filhos, eles a ajudavam em tudo.

Com o tempo, tudo mudou... e eu tive q sair do trabalho e arriscar em outro pra melhorar de vida... e no meio da pandemia, fiz trabalhos temporários pra antiga TV que trabalhava. O contrato acabou em 5 meses e fiquei desempregada, mas fazendo freelances...

Fiquei sem renda fixa, sem data fixa, mas sempre recebia o valor trabalhado... era cansativo, era inseguro, me deixou cheia de mais dívidas e com uma insegurança em tudo. Mas, meus filhos estavam na casa da vovó, protegidos, bem cuidados, bem guardados...

Em dezembro de 2019, juninho faleceu, tudo foi doloroso.
Em abril de 2015 Jânio teve morte súbita e nos deixou sem chão. Papai já tinha nos deixado em dezembro de 2014.

E em 2020 a Mone piorou do câncer... muita dor e sofrimento, mamãe pediu pra me mudar pra uma quitinete em frente de casa. Em 2019. Eu fui. Estava com pouco dinheiro. Com o

carro. Trabalhando muito. Recebendo pouco. Maaassss, com a ajuda da família, mês a mês, dia a dia, tudo ia se resolvendo.

Pedia dinheiro emprestado pra consertar o carro, botar gasolina, aguentar o mês... Mone me emprestava e quando eu recebia, eu pagava a ela. Mesmo devendo outras coisas, eu não a deixava na mão.

E num pesadelo, Mone se foi e abriu uma dor muito grande em mim. É uma dor que me destruiu... e não só a mim...

Depois q a Mone se foi, a casa ficou triste, todo mundo sofrendo, sem rumo, luto doloroso...

E coube à minha filha continuar a cuidar da casa... ela e Mone tinham uma confiança muito grande e depois q Mone se foi, Iza continuou agindo do mesmo jeito... mas, tudo tinha mudado.

O Covid atacou aquela casa, todos sofriam... em outubro 2020 Iza teve Covid e depois disso começou a atacar umas crises de pânico e ansiedade, com desejo de se matar, com agressividade em palavras, pensamentos ruins, enrijecimento das mãos e ranger de dentes... ela tentou tirar a própria vida várias vezes tomando remédios, e nas últimas vezes correndo pro quarto com uma faca afirmando que não aguentava mais viver daquele jeito..

Em vários momentos eu estava no trabalho... tentando ganhar um dinheiro, precisando sobreviver... ficava no celular pedindo ajuda da amiga dela, do meu sobrinho, das minhas irmãs...

Por várias vezes, ouvi palavras duras, julgamentos, condenações e raivas sobre como eu errei em ser uma mãe que trabalha e vive pra manter minha própria vida. Mas, nunca dei muita importância. Pois, eu sei do q preciso pra viver.

Desde março/abril, quando todos adoeceram, o dinheiro estava pouco, o trabalho era muito(graças a Deus) eu comecei a sentir dor no canto da barriga, onde fica os ovários, sofri muito, mas não dava pra pagar uma consulta, nem podia largar o trabalho pra ir a um posto do Sus... Fui piorando, piorando... até pedir ajuda pra pagar um plano de saúde popular, bem barato... minha cunhada me ajudou muito... quando o médico passou muitos exames e uma biópsia fiquei em desesperopq tudo ficou caro, ele pediu urgência. Eu fiquei com muito medo. A Rê foi um anjo e me emprestou o valor. Mais ainda, foi na clínica e pagou tudo e eu fiz todos os exames...

Fiz tudo, levei ao médico, ele detectou um problema sério, mas benigno... passou remédios, me tratei e ainda sinto medo de tudo voltar.

Nesses dias, Iza estava aflita pra pagar o cartão da mamãe que ela usou pra fazer uns exames urgentes quando mamãe teve covid pela 2a vez.

Ela me contava como queria fazer... fez mil coisas pra resolver a desordem da casa... e pra mim, ela estava resolvendo tudo bem.

Até que uma reunião de família apresentou um dossiê com acusações de roubo e maus tratos contra minha filha... me citando e a Fá como sei lá, coniventes com isso... Meu Deus!!!

Até hoje estou sem chão. Não sei de onde tiraram essas acusações. Iza nunca teria roubado minha mãe, nem a tratado mal. Um amigo dela advogado viu os papéis e resolveu ajudá-la. Não há provas de extorsão. Não houve mesmo. Em uma conversa franca, desabafos, choros na

frente da advogada, relembrando momentos de terror que vivi em família, acabei ouvindo da minha filha, que ela aos 10 e 13 anos tb sofreu algo parecido do mesmo monstro. Um assunto grave, tenho medo de relatar aqui... medo de sofrer agressões, ataques, julgamentos. Pq sempre me disseram q eu era culpada do q me aconteceu... por muitos anos isso foi esquecido. Por muitos anos pensei q a vida o tinha tornado homem bom... mas ele fez com minha filha coisas parecidas... é uma doença que faz vítimas e são crianças... ouvi outros relatos... não consigo mais falar. Tenho medo.

Não sei o que será de mim. Nem da minha filha. Mas, eu não quero mais fazer parte dessa família.

Neto, Norma, Bete, Daniel, André, Goreth...

Deixei para outro dia continuar a escrever... na verdade, digito no celular em intervalos do trabalho, sozinha, pensativa.

Hoje, acordei com medo de morrer. De ser morta pelo monstro que me atormentava na infância. Ele, por muitos anos esquecido em minha mente... vejo, nesse momento, em que minha filha é acusada de roubar e maltratar minha mãe, avó q a criou desde o nascimento... e eu sei da inocência da minha filha. Confesso: se ela fosse culpada eu seria a primeira a falar e fazê-la pedir perdão e se retratar...

Tenho medo de morrer nas mãos de quem já me maltratou... medo de sofrer abusos e ficar traumatizada de novo.

Hoje, esses dias, eu me sinto toda dolorida por dentro. É como se eu tivesse levado uma surra, com chute no estômago, murros nos olhos, nariz, boca. Chutes nas costas, nas pernas, nos braços, na cabeça. E depois jogada no chão, sujo, frio, molhado...

E eu agora estou lá. No chão. Sozinha. Sem nada. Sem luz. Sem nada. Eu me sinto nua e rodeada de monstros. Os mesmos do passado.
Eu estou sozinha. Eu sou sozinha.

Não preciso dizer a ninguém que EU NÃO QUERO AQUELA CASA. Se aos meus 18 anos a Norma colocou ela no meu nome, me fez assinar uns papéis e me falou tanta coisa que nem lembro... isso nunca me fez pensar que tenho um imóvel, que tenho poder, dinheiro ou algo assim... eu, em 24 anos, vivo do meu trabalho... tudo o que um dia tive foi por causa do meu salário e dos amigos que me presentearam com muitas coisas... Isso eu sempre falei. Mas, nunca esqueço de várias tentativas de me atacarem só por causa desse lugar. Já fui atacada, ofendida, acusada, condenada por causa dessa casa. Agora estou sendo ameaçada explicitamente, com meus irmãos e sobrinhos acusando minha filha injustamente de roubo e maus tratos. Estou tão triste e com vergonha dessas pessoas serem as pessoas que amo e admiro e até os via como inspiração no passado...

E o pior, eu sei q eles não creem nas acusações deles mesmos... eles só querem me atingir. Eles só querem aquela casa.

Meu pai do céu!!! Eu nunca quis aquele imóvel. Eu moro de aluguel, com meu dinheiro, fruto do meu trabalho.

Eu não quero me atrelar a uma energia ruim. Já me desapeguei de tudo o que já me fez mal... ENTENDAM.
Eu quero ser feliz com o que tenho fruto do meu esforço e amor.
EU AMO VOCÊS. MAS, NUNCA MAIS QUERO TÊ-LOS PERTO DE MIM.

POR FAVOR, ME ESQUEÇAM. ESQUEÇAM OS MEUS FILHOS. SE AFASTEM COM SUA MALDADE NOJENTA.

ACABOU TUDO.
SEJAM FELIZES. SINCERAMENTE, SEJAM MUITO FELIZES BEM LONGE DE MIM. DEUS ME PROTEJA DO MAL DE VOCÊS.

Ass.: Tatiana

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