11 de abril de 1997, O primeiro passo...

Na realidade esse sonho nasceu na infância, aos 10 anos, ou seja, em 1987, quando minha irmã Fafá começou a trabalhar na TV Timon, como produtora do Carlos Morais e Donizeti, ela me levava e eu ficava encantada com aquela multidão de máquinas, ficava boquiaberta com tanta luz, câmeras e o que mais me impressionava era a correria das pessoas para colocar um jornal no ar. Lembro-me muito bem da Débora Balsini, uma loira, de cabelos cacheados, olhos grandes, verdes (eu acho), mas sempre bem expressivos, ela vestia um terninho combinando com a calça e os sapatos, sempre perfeitos, pra mim, uma criança curiosa, deslumbrada, cheia de sonhos. Depois teve o primeiro programa de auditório da minha vida, no meio da rua, com o apresentador Carlos Morais, que tinha várias meninas dançando e ajudando ele com papéis, brindes, faixas, água, toalhinha para limpar o suor, eu sonhava estar no lugar que elas estavam, me imaginava brilhando, toda de maiô, chamando a atenção das pessoas. Acompanhei a Fá em gravação de comerciais, gravações de estúdio e cada dia que passava meu coração queria fazer parte daquilo. 
Os anos se passaram e eu estudei, sempre com boas notas, com trabalhos bem feitos, chegou a hora de decidir: vou estudar para ser produtora de eventos de televisão, assim como a Fá. Na época estava sempre ligada na cultura, na política, na arte através da Norma, da Socorro, da Goreth, da Simone e sempre queria ser um pouquinho de tudo, como toda adolescente. Mas quase nada me encaixei, talvez por ser um pouco desengonçada, distraída, sonhadora demais, quem sabe. Passei minha adolescência sonhando, vivendo e sofrendo com meus sonhos, mas o principal persistia: ser produtora de TV.
Lembro que em 1993 meu pai anunciou que não tinha mais condições de pagar meus estudos, o segundo grau, hoje ensino médio, e eu tinha que escolher, ou ia estudar em escola pública, ou ia fazer um teste para a ETFPI. Meu pai escolheu por mim, contabilidade, eu me desesperei, NÃO! Desisti no teste, não respondi, mesmo sabendo, pra não passar, queria fazer algo que me levasse à TV que minha irmã trabalhou, e ainda trabalhava... Passei o ano sofrendo, e muito, por minha decisão, mas não mudava de opinião, e mesmo sem condições, minha família pagou o 1º ano pra mim. No fim desse ano, decidi, ia fazer o teste da ETFPI, mas no curso que eu escolhesse, nem sabia qual, mas ia procurar algo que me levasse ao meu sonho. Fui, olhei, analisei e vi: ELETRÔNICA, eu já era apaixonada por equipamentos eletrônicos, e tinha uma abertura para comunicação, rádio, TV, telecomunicação. E fui!!!
Em 1994 comecei o meu curso de Técnico em Eletrônica, me saí bem, aprendi outra parte do mundo, vi, por uma esfera diferente, o que queria descobrir. O mais interessante nesse período de aprendizado é que conheci justamente, no segundo ano, o homem que ia me colocar na TV, ele era diretor técnico de lá, o professor Reginaldo e disse que se eu me saísse bem até o tempo de estágio, me daria uma chance. E assim eu fiz, estudei, estudei, estudei...


Até que em 11 DE ABRIL DE 1997, eu fui cobrar dele o prometido. Lembro-me bem de suas palavras: "Menina, está aqui a sua chance, você tem 1 mês de teste, se passar, você fica." E eu respondi: "Hoje eu o primeiro dia de meu sonho, vou ficar e vencer aqui. Pode acreditar."
Lágrimas me caem na face ao reviver em palavras o filme que corre na minha cabeça neste momento. Eu consegui realizar um dos meus sonhos, vivi coisas que nunca imaginei, passei por muito obstáculos, caí, levantei, caí, levantei milhões de vezes, mas sempre agi com amor no coração. Dia após dia, com dedicação total, com paixão mesmo. Já fiz 3 turnos ininterruptos no intuito de realizar um trabalho bonito, no tempo determinado, em compensação tive a liberdade de aprender o que sempre quis dentro daquela emissora, a TV Meio Norte, onde passei 13 anos trabalhando, e confesso que só saí quando tive a certeza de que não daria mais nada pela empresa e ela pra mim. A gente sabe quando acaba, e em 2009 acabou. Eu comparei minha saída, com a própria vida: estava em casa, aprendi a engatinhar, a caminhar, a correr, a pular... agora tinha que seguir meu rumo e deixar que outros aprendam no meu lugar. E assim, eu arrumei minhas malas e caí no mundo. Nesse intervalo de tempo, estava aprendendo outras coisas, vivendo, caindo, levantando, como todo ser humano, com sede de aprender. Tive uma queda muito grande, caí, me estraçalhei, mas aprendi a me curar e me levantar de novo, foi a parte mais dolorosa, mas também a mais significante da minha vida e dela recebi duas bênçãos de meu ventre: filhos. No amor não fui tão feliz por ser impulsiva e ignorante, na forma certa da palavra: ignorância = a falta de entendimento, mas não desisti do amor, ainda acredito que vou encontrar uma pessoa com o sentimento de liberdade que se possa dividir, e crescer, e amar, e plantar, e regar, e colher... tudo no tempo certo.
Em 2006, por intermédio, outra vez da Fafá, eu entrei na TV Antares, outro mundo, várias pessoas diferentes do que costumava trabalhar, nela já me apaixonei logo, fui acolhida com amor e compreensão desde o início, e ainda hoje faço parte dessa família linda. Um lugar pequeno, mas que tem trabalhadores que lutam para garantir o pão de cada dia, com um sorriso no rosto e amor no coração.
Em 2010, fui convidada pelo meu amigo Leonel, para ficar no lugar dele, na direção de TV da TV Cidade Verde, fiquei louca, queria muito trabalhar lá, queria muito fazer parte daquele mundo novo, de pessoas que se destacavam na cidade, que faziam um trabalho de qualidade, de responsabilidade, de respeito e que adquiriam admiração do público, fui atrás com toda garra, amor e coragem. Dia 14 de maio comecei a trabalhar na TV Cidade Verde como Diretora de Imagens, e vi como era diferente o modo de se caminhar naquela nova casa, senti forte e a diferença e gostei, gostei muito. Em pouco tempo me familiarizei com as pessoas, todo mundo muito louco mesmo, mas todos tinham bom coração, já conhecia a maldade, coisa que não vi lá, graças a Deus. Nesses 2 anos estou feliz em estar em tão bom lugar, e continuo nas 2 TV´s, nesse ínterim, tenho 2 filhos lindos, voltei a morar com meus pais e estou reaprendendo coisas essenciais para o progresso do meu espírito, já recomecei várias vezes depois disso, várias manhãs eu zero meus erros e credito acertos, aprendizados, lições...
E nesse dia 11 eu canto os parabéns na frente de um bolo delicioso, com uma vela de 15 aninhos de vitórias, muitas vitórias que não contabilizo mais, não têm números que consigam contar. A única certeza que possuo em todo esse tempo é que SOU APENAS UMA APRENDIZ. E NADA MAIS.

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