E se eu morresse hoje?

Esses últimos dias notei em mim a distância que tenho da morte, tão pequena que não dá pra ter medo, tão próxima que me enche de curiosidade, tão ínfima que não dá pra ter tanto medo, mas dá medo.
Medo da morte pelos apegos da matéria, não a matéria imóvel, a móvel mesmo, das pessoas que me cercam.
Mas não era isso o que eu queria dizer...
Eu sinto que vou morrer mais cedo do que imagino. Sinto que estou preparando minha ida para a outra dimensão, preparando as pessoas que me cercam, preparando os meus filhos para viverem sozinhos sem sofrer minha ausência física, preparando o mundo que me cerca com poucos compromissos materiais para não  se darem por minha falta.
E se fosse hoje esse dia? Se eu morresse sem poder dizer adeus a ninguém que amo? Se eu parar de respirar nesse momento?
Então aproveito agora pra dizer o que pensei hoje, o que fiz, em quem pensei...
Antes de morrer hoje eu acordei pensando em Deus, sim, com uma prece eu agradeci pelos meus filhos terem ido a escola, em paz, com saúde, sabedoria, inteligência e amor, agradeci por eles existirem tb. Depois dormi mais um pouco, por causa do friozinho, embrulhei-me no edredom, que adoro demais, depois me arrumei como todo dia para trabalhar. Vim me policiando com meus defeitos de querer ter tudo, quero ter mais dinheiro, quero comprar muitas canetas, quero passear e sorrir por aí, e não tenho dinheiro pra sair esse fim de semana. Vim  pensando que estou louca pra ir ao ESDE amanhã, que estou louca pra ficar por lá, na limpeza, nos estudos, no lanche, nas palestras, porque lá eu estou me redescobrindo, como tinha que ser. O CEIA é o lugar de reencontro de si mesmo, a cada reunião me sinto mais sedenta de conhecimento, mais completa na Fé, mais pequena no mundo. Descubro que eu não sou o mundo, e nem o mundo está aqui só pra mim, nem eu posso comportá-lo... Depois que passei a ir lá, diminui minha estupidez com quem não gosto, meu desprezo com quem não me importo, minha ignorância diante da vida. Depois que passei a frequentar o CEIA comecei a querer aprender a fazer a caridade de verdade, sem pensar na minha vaidade, sem querer logo a recompensa. Descobri-me pequena, mas vitoriosa, em saber que ainda tenha a chance de melhorar antes de morrer, de ser um espírito de luz, de melhorar com meu próximo. Estou mais sensível, mais aberta para o novo, tenho coragens que não tinha, penso em coisas que não pensava para ajudar os outros, me vigio, me encho de preces, me ergo a luz divina sozinha, toda noite. E só falo isso aqui, porque quero que meus filhos saibam que minha morte não é o fim, é o começo, e que eu tenho certeza de que acompanharei a vida deles de perto, rezando para a felicidade dos dois, ajudando os anjos da guarda deles a protegê-los, abençoá-los, amá-los todos os dias...

Hoje vejo a esperança de dias melhores, de saber como fazer a caridade verdadeira, que não sei...

Antes de morrer, que os que me amam e choram por mim, não se sintam só, eu estarei ainda viva, em busca de minha evolução real, e em busca da evolução de vocês também.
Vamos rezar quando a dor bater a porta, sempre e todo dia!!!
NAMASTÊ!

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