O que ainda sou


Nem de todo estou mudada, ainda bem, ufa! Mas só observei meus defeitos inerentes, e isso não é bom eu achar bom, sabia? Mas eu achei, vi-me ainda em egoísmo e preconceito velado, vi-me banhada em vaidade vista ao contrário (pois me sinto tão feia que acho a solidão uma consequência do meu corpo mal modelado, da minha pobreza material, da minha condição social), e isso é deprimente, não porque eu tenha razão em me sentir assim, mas porque esses sentimentos mesquinhos me diminuem diante de meu propósito único, maior, essencial.
Só que eu ainda não esqueci minhas escolhas, e já estou seguindo, um pé atrás do outro, devagarinho, para minha evolução... Mudei em muitas coisas, valores, prioridades, urgências, paixões que construí em tantos anos, com tanto afinco, hoje não me valem nada, nem um tostão furado. Em muitos anos joguei pérolas, diamantes e rubis aos porcos, não aos bichos que vivem no chiqueiro, que se banham de água com terra preta e que comem coisas meladas e se lambuzam... mas aqueles limpinhos, que usam vestimentas de um ser elevado em cultura, saber, conceitos... Joguei, todas as minhas jóias, e nem me importo com isso...

O que hoje eu quero é pedir perdão. Não aos que magoei, nem aos que me magoaram, isso eu já fiz e me dou por realizada. Hoje eu quero pedir perdão a mim mesma, por ser tão grosseira, exigente e incompreensiva ao me ver errar, por não me respeitar me dirigindo com palavras xulas, por não me escutar quando sinto algo, e não sigo, não me importo, não vou. Perdão Menina, estou ficando velha e não aprendo que é você quem tem que viver, que encontrar, que sentir, que sonhar e realizar.

Eu te amo, viu?

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