Cria dodói, coração padece
Tem dia que as forças me falham. Eu não sou forte, acredite. Tenho medo de tudo, medo de dar mais um passo, medo de recuar, medo de parar, medo de não poder ajudar, medo de não entender, medo de entender demais, medo de entender errado. Medo de errar e medo de acertar.
Quando minha filha nasceu, há 11 anos, me veio o medo de morrer e deixar uma parte de mim tão frágil nesse mundo sem ninguém pra cuidar dela, comecei a criá-la para sobreviver sozinha, paralelo à luta diária pois me joguei no trabalho para não deixar faltar o necessário e o supérfluo dela, eu passei a ensiná-la tudo precocemente. Eu sei que errei, tenho uma moça consciente para a idade dela hoje, mas ela é ainda uma menina inocente, um bebezão, sem muito dengo, tá, com muito dengo, confesso, mas com uma personalidade forte, um jeito firme, uma maneira de ser corajosa, diferente totalmente da minha. Tenho medo dela ver meus medos e achar que isso é certo.
Mesmo sentindo tudo isso, todo dia eu tenho que sair de casa e ir trabalhar. Tenho que garantir que algo virá um dia para melhorar a vida dos meus. Eu sei que não sei ser mãe, mas todo dia eu tenho que tentar.
Ah, mas eu só queria pra mim toda dor deles, e que minha proteção servisse de abrigo, de porto seguro.
Graças a Deus tenho meus pais e minhas irmãs pra me guiarem nessa luta.
Graças a Deus eu tenho sua bênção, pai.
Desde que minha princesa nasceu que decidi escrever tudo o que sinto, pra um dia, se eu não estiver aqui pra contar pra ela, pelo menos ela saiba quem eu fui por dentro, como mulher, como trabalhadora, como ser errante.
Espero que ela só leia depois que eu me for.
P.S.: Pai, abençoa, protege, ampara e acolhe meus filhos como eu não posso fazer. Que o seu amor por mim seja por eles também por toda a eternidade. Eu sou tão frágil.
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