Pisando em chão alheio

Em tudo ao meu amor-próprio serei atenta. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto.

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure." 

(Vinícius de Moraes)

Estou numa fase delicada de minha solidão, como a observo, como a quero vê-la longe, como a amo agora mais que nunca. Mas sei que ela é perigosa, traiçoeira, maquiavélica. A cada instante ela me testa, me joga na fogueira, me revira os sentidos e me faz rodar. Minha solidão me sonda, me fareja, me amedronta. Ela é só, e me quer sempre com ela. Ela é só, e me faz sentir como se fôssemos uma. Ela é só.

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