VOMITADA II

Eu odeio ouvir as mesmas lenga-lengas do passado. Tudo ainda está sarando e se cutucar, dói. Não quero saber o resto de parto que ficou dessa terrível operação que tive que fazer com minhas próprias mãos. Vou ficar  curada, mesmo que faça mil cirurgias, farei até sem anestesia, se faltar um dia alguma força, algum instrumento de cura. Não tenho mais dó de mim. Sou SENHORA DE MINHAS CONSEQUÊNCIAS.
Eu odeio remoer o passado.


Mas, meu Pai, eu tenho que aprender a administrar essa raiva da casca retirada da ferida e cuidar em sarar de novo. 


Tenho que conviver com o pai do meu filho, tenho que entender o meu filho e seu amor pelo pai, tenho que conviver com todo o inferno que é a energia forte e obscura desse homem. E se ainda me angustia essa decisão de não fugir e encarar o maior medo da minha vida, ajuda-me Meu Senhor, eu preciso muito de ti.


Ferida cicatrizando não é ferida curada. O cuidado, o zelo e a vigília na oração, de todo dia, de todo instante.


Deus está aqui. Tão certo quanto o ar que eu respiro... Sinta quão suave é. Amém!

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