Jogando a dor no lixo

A menina inventou de arrumar o canto, aquele canto abarrotado de livros, bonecas, canecas e uma máquina de costura. Oxe, mas essa máquina não costura nada? Só ouço uma cantiga romântica nela. Será que foi a menina que tocou?
Rum, esse negócio de arrumar arrumou foi uma grande ferida aberta pra essa doidinha... Que viu que não adianta amar aquele que prometeu eternidade. Tem que acreditar na energia. Poxa, vc encostava e sentia o frio nas mãos, vc olhava e via o abismo nos olhos, pra que diacho se prender numas palavras, que o vento bateu e mudou?
Já disse, esse negócio de mexer em ferida não dá certo! Mas jogar aliança no lixo até que limpou o semblante da Menina desiludida da vida. Jogar fora os presentes, rasgar os bilhetes, varrer os pedaços de debaixo do tapete... Tudo foi pro lixo, até a dor.
O quarto é outro e o coração quer fazer a mesma coisa. Mas ainda é cedo pra tirar o remendo.
Só sei que a dor foi sorte. Destruída estaria hoje se tivesse a certeza de que nem todo Amor de caixinha resiste aos defeitos de fabricação.
Ahhh, como pensa besteira a menina vazia...


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