O novo desafio. Eu para comigo.

Engraçado que quando é para uma coisa grandiosa dar certo na minha vida eu acabo por perder outra coisa grandiosa, um grande Amor pra vida inteira (que nunca dura muito). Notei que eu me entrego inteiramente a um outro alguém e espero tanta intensidade quanto e acabo me decepcionando com as coisas pequenas, a cumplicidade diária, a doação sincera, a amizade verdadeira. E tudo o que era positivo vira negativo, a virtude virou defeito, o diferente virou inconveniente, e assim vai. Eu não tive que perder um pra conseguir o outro, Não. Eu perdi. Perdi o jogo mesmo. Errei. Vacilei. Caí por terra. E entreguei os pontos. Desisti. Desisti quando senti o meu pior aflorando para tentar conseguir o melhor do outro. Desisti quando vi minha aura escurecendo com sentimentos ruins. Desisti quando a linha tênue do Amor se desfez, e eu nem vi em que momento isso aconteceu. Ouvi de um mestre, uma vez, na adolescência que quando matamos nossos sonhos, ele fica lá. E mesmo a gente continuando a vida, conquistando outras coisas, aprendendo mais, vendo novos horizontes, mesmo assim o sonho está lá, imóvel, inapto, invisível... E depois de um tempo ele começa a apodrecer, se não mexermos nele começa a feder, e o odor incomoda e machuca tudo ao redor, a gente começa a sentir o odor em todas as coisas que tocamos e começamos a pensar que tudo o que nos rodeia está podre também. Não é. São nossos sonhos mostrando que querem reviver em nós, querem de nós esforço, desejo, paixão. Querem o que merecem: Amor. Eu tenho sonhos e estou começando a mexer neles, sei que o mal cheiro pode ser retirado com um bom banho de mar. Sei que o remédio dele se chama Fé, e em Deus, pra não deixar dúvidas da sua posologia. Éh. E eu estou buscando uma nova etapa nessa vida: a busca e a luta pelo que tanto sonho. Estou começando do zero: estagiando. Estou estudando tudo outra vez. Estou anotando, rabiscando, relendo, reinventando tudo de novo. Mas tenho medo, aquele medo de toda mudança, aquele medo de sair da zona de conforto, do "emprego certo", do "trabalho garantido", do dinheiro contado de todo mês, para entrar no desafio diário, na busca incessante pelo saber, na sede de conhecer mais e mais, na gula pelo viajar ao mundo todo em sete dias... Não. Não vou mais me negar o direito de quebrar a cara, de cair da ribanceira, de despencar do abismo pra ficar entre quatro paredes que um dia construí. Eu nem tenho um teto só meu. Mas graças a Deus não estou ao relento, tenho proteção. Mas o que eu quero dizer é que eu não nasci pra construir e me prender entre meus muros, eu me desapeguei dessa ideia quando sofri ao redor de uma casa perfeita, mas que dentro não possuía Amor, e há 12 anos eu tracei o meu caminho: seguir semeando, seguir arando, seguir plantando sem a espera da colheita, que pode vir só depois que eu for... Não me importa, sinceramente, isso não me importa. Hoje, como ontem, eu possuo as mãos vazias, não tenho nada em meu testamento, não tenho nada pra deixar no mundo, além de sementes. E o semeador saiu a semear. Pronto. É só isso que eu quero até desencarnar. E que Deus tenha piedade de minhas sementes. Assim Seja.

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