Dos erros de Dona Menina

Mesmo que ninguém tenha notado. Mesmo que tenham perdoado. Mesmo que até tenham relevado por ser tão pequeno, aquela Menina ali nunca aceitou errar, principalmente quando o erro é pequeno, é besta, é aceitável. A Dona Menina é apaixonada pelo trabalho, gosta de tudo certinho, de tudo rapidinho, de tudo feitinho de bom grado, a Menina faz de tudo pra não ter desavenças na hora de arrumar a casa, a sala, os programas que trabalha. A Menina lida com máquina mas sabe manusear gente também. A Menina quer tudo perfeito, ela não admite errar.
Engraçado que aquela Menina morta ali, parece está fazendo algo errado, pois ela devia estar viva pra contar essa história. Mas eu sei que ela não se perdoaria se soubesse que errou na hora que seu coração parou. E ia sair esperneando, ciscando, esbravejando pra si mesma a angústia de um erro tão banal. Ela não saberia se perdoar disso, eu sei. A Menina quer ser sobre-humana, super-poderosa, ela não quer errar.


No dia do seu 34º aniversário a Dona Menina, mais dona de si, do que Menina perdida ela já era. Ela acordou reflexiva, olhando para o passado e viu uma mulher se renovando de todas as provas que havia passado sem sentir.
A Menina viu que havia mudado de rumo, de ponto, de meta e que agora já se encontrava no novo caminho e que por causa disso tudo ia ser novo, que por causa disso ela ia errar muito até aprender a caminhar no novo mundo...
E ela tinha que ter paciência e precisava aprender a se perdoar dos erros, pois a Dona Menina é humana.

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