A adolescência

Aos 14 a Menina descobriu um novo mundo. E correu para abraçá-lo com tanta força e com tal zelo que seu corpo pulsava de alegria ao conquistar tanta gente iluminada, tanta gente inteligente, tanta gente que a amou da primeira vez. E pela primeira vez a Menina se apaixonou de verdade, de ida e volta, não era mais platônico o amor dela, não ficava só guardado em suas agendas, diários, cadernos, cancioneiros. O amor dela não era só mais uma cartinha sem destinatário, ela tinha endereço certo. Ele era o rebelde, um homem já, mesmo da mesma idade da Menina, gostava de impressionar, de ser o melhor, o mais Tchan da turma, é, a turma da Menina era grande, tinha vários admiradores, seguidores, encantados com seu sorriso, com sua liderança nas brincadeiras de quadra, nas brincadeiras da casinha, a casinha era o lugar onde todos se uniam para a 'reunião' antes das brincadeiras, e tinha preparo para danças, cantos, coreografias específicas, e a Menina cantava era tudo no gogó mesmo, pq som não poderia ser colocado na casinha para não incomodar os condôminos. De tanto treinar, nasceu até o TADELE, escrito assim mesmo, em caixa alta, que significava o nome das três amigas muito unidas: Tatiana, Deborah e Letícia, e essas três inovavam aquele mundo lindo de viver. Mas o amor da Menina! O amor da Menina era tão inocente, tão doce, tão leve, mas ao mesmo tempo tão real. Foi um momento ímpar de felicidade na vida daquela Menina boba, que não acreditava no mal do mundo, que tinha certeza que era abençoada com o doce sabor da sorte de todo dia e de todo tempo. Ela amava aquele garoto, o homem rebelde, e ele a amava muito. Eram troca de carinhos, de presentes, de declarações diárias, durante 3 anos seguidos e quase que ininterruptos, ele fazia loucuras por ela, ela cometia loucuras por ele e eles se encontravam sempre num estado alterado de paixão, e tocavam as mãos e encostavam os corpos inocentes e ficavam satisfeitos completamente com isso, não havia nenhum desejo sexual naquela aproximação, tanto pela inocência dos dois (pois era a primeira paixão de ambos) tanto pela falta de conhecimento, mesmo com muita curiosidade. E mesmo eles se encontrando todos os dias, todas as semanas, sempre, não havia beijo na boca entre eles, um fato curioso pois a atração era tão grande, era tão intensa, era tão verdadeira, tão apaixonante. Mas eu creio que eles se amavam muito, faziam sexo transcendental mesmo sem saber, porque não compreendo tanto amor, tanta paixão sem um toque mais profundo dos lábios, do corpo por inteiro nus. Mas isso não aconteceu com aquele amor, em pleno século XX. E como diz Renato Russo: 'E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que existe razão?'
Em meados da década de 90, a Menina crescia em graça e alegria. Ela estudava, dançava, brincava e sonhava muito, vivia com as fadas, com os anjos, com os duendes, com o arco-íris do mundo. Ela sentia toda a vibração do mundo no seu coração. Ela sofria quando a energia se deturpava e entrava explodindo aquele lugar especial. A Menina sempre se recompunha rápido de toda dor e voltava a acreditar que o mal não existia na vida dela.

E aquela Menina crescia. Mas ainda apenas uma menina!!!

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