E a Menina no Morro do Gritador, gritou sua dor, que voltou!








Eita Menina que se ilude, pensa que é importante para o Menino franzino, mas ele não a vê. 


E invisível ela chora, chora de tristeza por ser feia, gorda e pobre. 


Chora por ser de outro mundo que não pertence a ele, aquele iludido Menino.


Mal sabe ela, a Menina, que é o mundo de alguém.


Como? Quem?


Coitada da Menina.


Por falta de amor ela se ilude com um sentimento no coração, e se deixa machucar pela mesma ilusão, e sofre, e chora, e se entristece por não tocar na miragem de ser de outro alguém.


Assim ela faz um inventário de sua vida, e age como se fosse morrer logo ali, naquele momento de dor, e cava sua cova por amor, um amor que não existe em seu peito, um amor não feito, que nem é amor.


Assim, a Menina, que só quer ocupar seu coração leviano, segue em seu mundo com o corpo pesando, a mente limpa e o coração voando. A Menina dá mais um passo em suas metas pequenas, para ver se muda por fora, porque por dentro já mudou, muda por fora para aquele Menino olhar com outros olhos para sua máscara. Só por fora, pois por dentro ele é cego, não sabe enxergar.


Essa Menina só quer amar, essa Menina só quer amor pra acalmar seu coração que não cansa de voar.


E ela foi para o Morro do Gritador, gritou sua dor, que voltou como um papel branco.
E no Morro ela viu o quanto é pequena, como aquela formiguinha que passeava na beira do Morro sem nem olhar pra baixo e ficar tonta, seguindo seu curso, traçando sua história.


E lá, naquela altura imensa, ela decidiu, intensa, que nunca mais ia sofrer por quem não sabe voar, sem asas, para lhe acompanhar nesse caminho novo, belo, iluminado e promissor.









A Menina gritou, a Menina voou, no Morro do Gritador.






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