Os poemas de Dona Menina

E a Menina começou a traçar o seu jeito de escrever, lá no fundo, no último degrau debaixo do chão, lá onde ela só via escuro, angústia, ingratidão. Ela chorava em suas letras. Ela agonizava em versos.

Coitada da Menina.



Alguns:

A ferida abriu

E eu posso é andar pra frente, mas enquanto a ferida não curar, vai doer.
E eu posso é alçar voo rumo ao infinito, mas enquanto a ferida não fechar, vai doer.
Eu quero me curar dessa dor, mas enquanto a faca continuar amolada, e entrar no meu estômago, vai doer, vai bagunçar, vai machucar...

O perigoso é eu descobrir meu maior defeito e não poder perdoá-lo e curá-lo. É saber que sou rancorosa, dolorida, machucada e não conseguir superar essa dor para o bem. Tem palavras que parecem granadas no meu coração, me fazem chorar, maltratam até o íntimo do meu ser e eu não sei ter grandeza nesses momentos. Eu grito em frente aos meus filhos, eu choro na presença deles. Eu falo sem pensar, coisas do meu dolorido coração, eu grito, eu me zango, eu me descontrolo... E isso me faz tão mal.

(2010)


Cem comentários
Hoje não
Nenhum verso
E sequer uma lágrima

Uma nuvem!
Branca, leve, livre
Numa solene
Caminhada
A procura de um céu

Uma estrela!
Ofuscante, infinita, eterna
Num cotidiano brilho
A espera de um sol
Hoje não
Nenhum motivo
E sequer um afago.

(1993)

Pródiga Pedra

Pai, afasta de mim
O cálice do medo
Este cálice que me torna
Medíocre e indefesa

Afasta de mim
O cálice da irresponsabilidade
Este cálice que me faz
Suja e ignorante

Pai! Afasta de mim
O cálice do capricho
Este que me deixa
Podre e pobre

A minha juventude está rodeada de cálices, estes que são doces ao se provar, mas
se deixarmos, nos afoga na sua amargura.
Afasta-me do mal, Pai.
A essência da tristeza
O início da dor

Acolhe esta jovem que aqui vai e pede humildemente uma palavra tua para ser salva
Esta jovem fraca e impaciente, mas que só pretende ser feliz.
Pai, acolhe está pródiga que só almeja ser tua serva para ajudá-lo a perpetuar o teu reino.

Esta pródiga Pedra, Pai!

(13-06-94)


Preço

Essencial no sonho
Cantora, escritora e encantadora
Ambiciona o merecimento.

No preço da felicidade
O obstáculo de ser
Entre más verdades
A autenticidade de viver.

Ah! Este tão fadado preço
Dois gumes em seu peito
Numa facada de ser e estar.
Na voz o poder
De encantar e escrever
Na mão a mágica
De cantar e encantar
No jeito a expressão
De poder e mágica.

Este preço que a guarda
No solo da desilusão
Misteriosa, firme e formosa
Escondida, preciosa
Numa simples
Pedra!

(29-06-94)

Comentários

  1. Olá Taty, eu estou com pouca mobilidade para digitar, pois estou sofrendo com uma bursite que doí muito estou tratando mais me deixa quase sem poder digitar por muito tempo.
    Quanto a seus poemas eu gosto apesar de não ser nenhum expert no assunto, acredito que fará muito sucesso com o sus publicações.
    Abraço

    ResponderExcluir

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