Os 16 anos
A depressão da Menina
Em três anos de felicidade intensa, com o corpo crescendo e as responsabilidades aparecendo cada vez mais. A Menina começa a esboçar seus objetivos: Estudar jornalismo, cantar, viajar o mundo, ter um filho aos 25, ter casa, carro, fazenda, barco a vela e muitas outras coisas mais. Tudo fazia parte de sua agenda especial, e tudo era grifado com a caneta verde-limão, o marca texto da Menina que parecia uma lupa, ele aumentava 10X mais os seus sonhos e dava a certeza de que tudo ia ser realizado.
Só que a Menina era cuidada pela sua família desde quando veio ao mundo e tinha tudo o que queria, e não sentia fome, nem frio, nem sono, nem necessidade nenhuma. A única coisa que ela não tinha era a Casa da Barbie, porque sua irmã-mãe que a paparicava demais dizia sempre não ter condição de pagar tão caro por uma casa de boneca, mas a Menina cresceu sem traumas, tinha lá seus medos, mas era da idade.
Na escola a Menina era esforçada, se dava bem em todas as matérias, até matemática, que tinha pavor, era mediana (medíocre, como diz o irmão mais velho dela: - Menina, quem só tira nota na média é medíocre). E o Ginásio (hoje Ensino Fundamental) acabou, agora era hora de ir ao 2º grau (hoje Ensino Médio) e o Pai da Menina - um homem forte, inteligente, batalhador, que passou a vida tendo sucesso no trabalho e no amor, um homem que sustentou a família de 12 filhos junto da Mãe da Menina, a Guerreira, a Lutadora, a Vencedora - não podia mais pagar seus estudos, ele não tinha dinheiro o suficiente para mantê-la na escola particular, escola muito boa, com excelentes propósitos para seus alunos, que formava cidadãos, além de alumnus (do latim 'o não iluminado'). Mas com a ajuda de seus irmãos, a Menina continuou a estudar no Cipreve e para agradecer a bondade foi ajudar a irmã a cuidar de um bebê lindo nas horas de folga, o segundo filho dela, do seu atual marido, o rockeiro. A Menina amava o bebê, que era muito gordinho, muito dengoso, muito gostoso, mas ela não sabia ser mãe. A Menina tentava obedecer, fazer tudo direitinho, cuidar, amar, brincar, mas ela não tinha a experiência de educar, de orientar, de ajudar na criação do seu sobrinho, e tudo foi ficando difícil, foi ficando complicado, foi fugindo dos seus sonhos. E seus sonhos fugiram e deixaram um vazio, esse vazio que não se suportou e trouxe imagens negras, letras pesadas, sons tenebrosos. A Menina ficou triste, sentia-se inútil, fragilizada e começou a escrever no escuro. Ela via tudo no escuro do seu quarto, se trancava nele, ouvia som alto, que nem ouvia, era só para abafar seu choro, copioso e sem sentido. Tudo ficou negro, feio, triste, seu sorriso não existia mais. Ela passou a negar tudo, a fechar os olhos, a dormir demais. Casa-colégio-colégio-casa e isso se tornou mais sério. Foi julgada, agredida, humilhada por sua condição de não-experiente no assunto mãe-mulher. Foi apontada como errada, foi magoada no fundo do seu ser. Foi desprezada e negada a manter a vida de criança mimada. Foi colocada num lugar que amedrontava, que incomodava, que assustava, a triste Menina.
E a Menina caiu. Foi numa velocidade rápida ao fundo do poço. Ela sentiu toda dor, toda angústia, todo medo que há 16 anos não sabia o que era.
Em três anos de felicidade intensa, com o corpo crescendo e as responsabilidades aparecendo cada vez mais. A Menina começa a esboçar seus objetivos: Estudar jornalismo, cantar, viajar o mundo, ter um filho aos 25, ter casa, carro, fazenda, barco a vela e muitas outras coisas mais. Tudo fazia parte de sua agenda especial, e tudo era grifado com a caneta verde-limão, o marca texto da Menina que parecia uma lupa, ele aumentava 10X mais os seus sonhos e dava a certeza de que tudo ia ser realizado.
Só que a Menina era cuidada pela sua família desde quando veio ao mundo e tinha tudo o que queria, e não sentia fome, nem frio, nem sono, nem necessidade nenhuma. A única coisa que ela não tinha era a Casa da Barbie, porque sua irmã-mãe que a paparicava demais dizia sempre não ter condição de pagar tão caro por uma casa de boneca, mas a Menina cresceu sem traumas, tinha lá seus medos, mas era da idade.
Na escola a Menina era esforçada, se dava bem em todas as matérias, até matemática, que tinha pavor, era mediana (medíocre, como diz o irmão mais velho dela: - Menina, quem só tira nota na média é medíocre). E o Ginásio (hoje Ensino Fundamental) acabou, agora era hora de ir ao 2º grau (hoje Ensino Médio) e o Pai da Menina - um homem forte, inteligente, batalhador, que passou a vida tendo sucesso no trabalho e no amor, um homem que sustentou a família de 12 filhos junto da Mãe da Menina, a Guerreira, a Lutadora, a Vencedora - não podia mais pagar seus estudos, ele não tinha dinheiro o suficiente para mantê-la na escola particular, escola muito boa, com excelentes propósitos para seus alunos, que formava cidadãos, além de alumnus (do latim 'o não iluminado'). Mas com a ajuda de seus irmãos, a Menina continuou a estudar no Cipreve e para agradecer a bondade foi ajudar a irmã a cuidar de um bebê lindo nas horas de folga, o segundo filho dela, do seu atual marido, o rockeiro. A Menina amava o bebê, que era muito gordinho, muito dengoso, muito gostoso, mas ela não sabia ser mãe. A Menina tentava obedecer, fazer tudo direitinho, cuidar, amar, brincar, mas ela não tinha a experiência de educar, de orientar, de ajudar na criação do seu sobrinho, e tudo foi ficando difícil, foi ficando complicado, foi fugindo dos seus sonhos. E seus sonhos fugiram e deixaram um vazio, esse vazio que não se suportou e trouxe imagens negras, letras pesadas, sons tenebrosos. A Menina ficou triste, sentia-se inútil, fragilizada e começou a escrever no escuro. Ela via tudo no escuro do seu quarto, se trancava nele, ouvia som alto, que nem ouvia, era só para abafar seu choro, copioso e sem sentido. Tudo ficou negro, feio, triste, seu sorriso não existia mais. Ela passou a negar tudo, a fechar os olhos, a dormir demais. Casa-colégio-colégio-casa e isso se tornou mais sério. Foi julgada, agredida, humilhada por sua condição de não-experiente no assunto mãe-mulher. Foi apontada como errada, foi magoada no fundo do seu ser. Foi desprezada e negada a manter a vida de criança mimada. Foi colocada num lugar que amedrontava, que incomodava, que assustava, a triste Menina.
E a Menina caiu. Foi numa velocidade rápida ao fundo do poço. Ela sentiu toda dor, toda angústia, todo medo que há 16 anos não sabia o que era.
E a Menina começou a crescer em seu interior |
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