35 anos e de mãos vazias

Não. Eu não busco encher minhas mãos de coisas materiais, agora não.
Eu não almejo encher meus dias de bens, de valores, de cifras, não.
Há 35 anos eu busco uma felicidade que vive dentro de mim, como um vulcão adormecido, que às vezes aquece, que às vezes congela.
Olho pra trás nesse momento, exato momento e vejo muitas realizações, todas egoístas, que não melhorou a vida de ninguém ao meu redor, que não ajudou a levantar um irmão, que não tirou da miséria o próximo, que não levou conhecimento, conforto, saúde, alegria a ninguém.
Eu não fiz nada nessas andanças de crescimento. Aprendi muito em cada passo dado, quase tudo eu percebi, mas como andava a contemplar o belo palácio, deixei cair o óleo da colher, como P.C. diz em sua parábola. Agora quero velar pelo óleo e deixar a beleza do lugar de lado.

É tão difícil recomeçar, mais difícil ainda é admitir que muita coisa não valeu pra nada. E tudo o que valeu não precisava de nenhum esforço escomunal feito por mim, nem as horas de dor, nem as horas de conhecimento.

É tão bom recomeçar, e saber que eu tenho a oportunidade de ser melhor, de fazer o que nunca fiz, de tentar outra vez, de buscar a luz do conhecimento pela Fé.

E minhas mãos estão vazias. Nesse ano comecei a adubar o terreno da minha alma e buscar sementes de Fé, Conhecimento, Perdão e Caridade para plantar nesse lugar que não possui mais nada, porque tudo o que foi buscado antes, tudo o que foi conquistado virou pó e foi varrido para fora de mim. Só ficou o AMOR, e poucas coisas eu tenho em minha vida por amor, e são eternas.

Esse ano sei que nada posso pedir pra Deus, já tenho tudo o que preciso para viver bem e em paz.
Esse ano eu só estou plantando, semente por semente, observando a natureza, aprendendo...

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