Das artimanhas do tempo: o esquecimento

Sou feita de atitudes. E nesse curto espaço de tempo, 4 anos, estou na busca incessante por uma mudança significativa no meu modo de agir.
Antes era só coração. Um jeito impulsivo de ser explodia em mim a cada passo que dava (e nem sentia que andava em círculos, o que eu denomino hoje de círculos do fogo, onde quem encostava se queimava, muito, doía).

Desejava + lutava + conseguia + desistia + esquecia

Desejava + lutava + conseguia + desistia + esquecia

Desejava + lutava + conseguia + desistia + esquecia

E assim sucessivamente...

Nunca parei para observar o círculo vicioso que minha vida se tornou, (além de poucas coisas sólidas, agora vejo), até levar uma porrada certeira no estômago e ser derrubada na lama, tudo o que cristalizei foi quebrado, minhas certezas ficaram de cabeça pra baixo: eu acreditava no olhar, eu acreditava num toque, eu acreditava na verdade ao estar lado a lado, eu acreditava que nada pudesse dissolver as verdades que eu acreditava que eram verdade.
Nesse espaço de tempo em que fiquei nessa escuridão, pois não conseguia ver uma saída pra todas as mazelas da alma que estava passando, eu provei do fel, da angústia, da infelicidade de estar errada em tudo que caí em depressão.
Minha depressão foi um bálsamo, me jogar no fundo do poço e desistir de lutar foi uma saída provisória para eu buscar a essência de Deus. Foi um bálsamo para hoje eu estar renovada. Eu senti o cheiro podre de todas as minhas atitudes de egoísmo e de orgulho que eu mascarava com a placa de AMOR PRÓPRIO. Eu senti o lodo no meu corpo nu de tudo o que fiz para fazer sofrer quem lutava para me mostrar que eu estava errada. Eu senti a nojeira toda que criei em mim de uma forma doentia, de um jeito duro. Senti tudo e Deus me conservou com saúde no corpo porque ele é infinitamente bom, e mesmo eu sendo uma mera humana vivendo na erraticidade, eu entendi o pequeno gesto de Nosso Senhor em me manter saudável no corpo para ter subsídios de curar minha alma e ajudar outras pessoas no mesmo caminho...
Ainda estou nesse processo, não saí, e sei que preciso de muito, mas muito tempo para me curar.
Hoje só não sei mais esquecer o que faço. Cada segundo de minhas ações são repensadas, analisadas, criticadas por mim. Tem muita coisa que não é legal, pois eu me culpo demais pelos erros ainda persistentes de uma alma cristalizada. Mas tem coisas que eu ainda não entendo: como continuar mantendo sentimentos que me fazem mal e potencializando em outras situações. Eu não posso, enquanto ser humano me deixar ser desrespeitada porque não penso igual a outra pessoa. Eu não posso sentir que devo aceitar ser ofendida só porque amo alguém, de um sentimento tão bom não me é de direito aceitar o que é ruim.
Esse ponto que só o tempo vai me dizer, hoje eu quero aprender a perdoar tudo, mas sem aceitar passar por isso outra vez.
Não esquecer. Perdoar. Entender. Seguir em frente.

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