Sou gorda e hoje é meu dia!!!

Quantas amigas suas vivem de dieta? 
Quantas amigas suas morrem de culpa por comer um pedacinho de bolo? 
Quantas mulheres entram em depressão por causa de seus corpos depois da gravidez? 
Quantas delas correm para a academia querendo entrar "em forma" o mais rápido possível? Quantas tomam remédio pra emagrecer?
Quantas morrem de vergonha de seus corpos na praia?
Quantas conseguem ficar de boa ao vestir um biquíni sem ter se esforçado pra estar "em forma"?
E quantas das que eram gordas e emagreceram agora tiram onda das que continuam gordas?
É claro que você pode ir pra academia. É claro que você pode malhar, pode inclusive ser musculosíssima, pois o corpo é seu. O que nós queremos é apenas que todos os corpos sejam aceitos. Todos os corpos. Os malhados. Os naturalmente magérrimos. E os gordos.
Sim, as gordas querem ser aceitas e felizes. E amadas e bonitas e tratadas como pessoas normais, não como "aquela gorda", estando isso à frente de tudo mais que ela for.
Gorda não é xingamento.
Deixem as gordas em paz.
Deixem as gordas de biquíni.
Deixem as gordas mostrarem a barriga, deixem as gordas usarem o tamanho de saia que quiserem.
Deixem as gordas terem namorados sem pensar "nossa, esse aí podia conseguir coisa melhor".
Gorda não é "coisa". Gorda é gente.
Apenas deixem as gordas em paz. (Por Clara Averbuck)

Há uns 4 anos estou acima do meu peso normal. Peso normal eu chamo o peso que passei desde os 15 aos 32 anos, mesmo tendo dois filhos, mesmo comendo mais, comendo menos, mesmo fazendo exercícios, capoeira, malhando, caminhando, jogando handebol. Mas depois de um episódio péssimo na minha vida, que estive no fundo do poço, que me desequilibrei emocionalmente que o acúmulo de gordura foi meu escape. Tanta ansiedade misturada com estresse e com sedentarismo me deixou uns quilinhos a mais, bem mais que o "normal".
Depois disso me vi em desespero com meu peso, mesmo minha saúde estando impecável. Graças a Deus ainda disponho de tudo sob controle, e procuro manter essa máquina em funcionamento como posso. Mas comecei a me olhar com outros olhos. E por que não ser gorda? E por que não assumir-me fora do padrão de mim mesma? E por que me exigir por fora se o que está por dentro precisa ser todo consertado?
Desde esse momento comecei a investir no regime da alma. Comecei a me entender. Comecei a me podar. Comecei a me identificar como ser errante em construção para ser melhor amanhã, melhor que ontem, melhor que hoje.
voltei-me completamente para a busca da minha evolução espiritual e nunca mais me preocupei com o que "sobrava" em meu corpo. Muito pelo contrário, comecei a me admirar, a me amar assim, cheia de curvas, com o rosto mais redondo que era, com as pernas grossas, os braços fortes, a barriga acentuada. Minhas banhas estão sendo minha aliadas ao medo do frio que tenho. Meu modo de ver as pessoas, que só se aproximavam de minha "beleza enxuta" e passaram a me fazer de invisível e até a se afastarem de mim por estar fora do padrão da sociedade. Comecei a ver os homens que me seduziam me olharem com olhos de desdém, outros a me ignorarem, outros a me tratarem diferente. Vi, principalmente, as gentilezas mudarem. Ah! Como eu era paparicada, ganhava elogios, presentes de admiradores secretos, gentilezas mil por ser tão bela por fora. Mesmo que por dentro estivesse perdida em meus erros primários: orgulho e egoísmo exacerbados.

Não, eu não tenho saudade dos tempos atrás, em que era bela, belíssima jovem. Pra mim, na verdade, tudo o que vivi tem que ficar lá, no passado. Foi tudo vivido como tinha de viver. No erro. Na obscuridade. No círculo de fogo.
Hoje, sim, eu sou feliz. Completa. Bela. Radiante. Alegre. E, principalmente uma mulher linda!!!