A perda de um órgão vital

Um filho é o coração fora do corpo, eu sempre digo isso desde que concebi minha primogênita há 8 anos. No começo eu podia ainda pegar meu coração, colar no meu corpo e ninar, e abraçar, e deixar em contato comigo 24h, depois tive que sair pra procurar dar conforto, saúde, alimentação e lar para o meu coração que ao sair do meu corpo começou a ter suas próprias necessidades. Assim, ficava menos tempo com meu coração colado em meu corpo, sentindo seu pulsar, seu calor, seu amor. E com o passar do tempo meu coração começou a ter contato com o chão, com o céu, com a água, com o mundo e foi se afastando de meu corpo mais ainda, meu coração pulava, cantava, sorria e brincava, meu coração abraçava outros corpos, amava todos como a mim... E hoje meu coração é livre, é leve, é inteligente e já tem um coração maior do que o meu ao nascer dentro do seu próprio corpo.
E eu não consigo imaginar a dor da perda de um órgão vital como esse. Deixo aqui meus sentimentos a meu ídolo Cissa Guimarães, mãe, com o coração fora do corpo, com a dor de perder o próprio coração assim, tão bruscamente.


Cissa Guimarães e seus filhos Rafael (in memorian) e Tomaz


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