Três ponto três

Nada é novo aqui nesse blog sobre mim. Quem sou é um livro aberto, como o tema do blog, e já disse até o porque, mas se é pra resumir aqui, vai lá.

Antes de resumir, eu respondo algumas pessoas que curiosamente, sem nem saber porque me abordam com a perguntinha: Porque você fala da sua vida assim, pra todo mundo ver?

Eu escrevo sobre mim porque sei que sou uma humana, que tenho começo, meio e fim, que sou a protagonista da minha própria história e, principalmente, que, depois que minha primogênita nasceu, tenho medo de morrer. Pronto, eu tenho medo de morrer e deixar tanta coisa que está aqui dentro, me inundando, se esvair. Mas também eu escrevo porque nunca ninguém me entende, e eu fico angustiada em tentar me fazer entender, por isso desde os 11 que escrevo, que transcrevo, que subscrevo minha história.

O perfil não é segredo nenhum, a genealogia também não. Só o que é novo eu falar sobre mim é que eu acordei. Adormecia recostada no meu egoísmo e nunca pensava no meu próximo como um igual a mim. Cochilava na minha vaidade e nunca olhava para a janela do quarto de minha memória. Sonhava nas minhas paixões e não sabia amar quem me rodeia. Desmaiava até, nas minhas convicções e não sabia dar um passo diante do meu nariz sem ferir alguém.

Tentando justificar meus erros, enquanto o tempo me deixar justificar: Eu nasci numa grande família de classe média baixa, onde a felicidade é estar com a mesa farta e não faltar o leite das crianças. Tantos filhos e meus pais sempre foram guerreiros, firmes e lúcidos na nossa educação. Todos os seus frutos são bons, que tiveram frutos bons, que agora estão fazendo mais frutos bons, pois a Família Guimarães Rocha está na sua 4ª geração, com saúde, educação, paz e amor em abundância. O que me fez assim, bem egocêntrica não foi um mimo qualquer, e sim, um torrencial amor dentro de casa, pois sou a caçulinha do papai. Ninguém entende meu gênio difícil, minha teimosia, minha vontade de fazer tudo, de aprender tudo, de entender tudo, de ter tudo do bom e do melhor, de fazer tudo bem feito e do meu jeito, perfeito. Pois é porque fui criada assim, não estragada, mas educada da melhor forma, com amor, atenção, cuidados e uma grande dose de aprendizado ao meu redor. Nos meus 11 anos, idade em que despertei a vontade de escrever sobre tudo, eu me dizia sabedora da alma humana, de tudo eu entendia, tudo eu compreendia. Minhas poesias eram carregadas de angústias, de assuntos intrigantes, de sonhos impossíveis, de histórias de amor complicadas e com finais felizes diferentes dos contos de fadas. Desde então eu buscava um detalhe na vida das pessoas mais experientes e tranformava em minha história e criava novos personagens, novos lugares, situações... Enfim, eu tenho um acervo, ainda mal cuidado, de muitas agendas, cadernos, diários e folhas soltas em casa que ainda não organizei para poder realizar o sonho, o meu grande sonho de publicar um livro, que já tem título: "Um livro que eu hei de chamar de..."

Estou aqui descobrindo também que tudo depende só de mim, ninguém é responsável pela minha dor. Tudo o que eu vivi foram consequências de meus atos, de meu pensamentos, de minhas orações.

Por isso eu me digo e afirmo completa, sem mais nem menos.



Completa, Intensa, De Luz.