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Mostrando postagens de setembro, 2021

O tempo de espera da Menina

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Foi um ano inteiro muito difícil para a Menina. Um momento de deserto.  As pessoas que ela se apegou, de tanto ela repetir sobre o seu sofrimento, se afastaram. Não é pra qualquer um aguentar uma pessoa que sofre. E se sentindo sozinha, a Menina começou a se olhar por dentro. A solidão fez ela trabalhar em si mesma, se compreender, entender seus sentimentos, analisou sua dor, buscou um lugar vazio em si mesma, colocou novos pensamentos, novos aprendizados, leu muito o evangelho de Jesus Cristo, com o olhar da sua dor e recomeçou uma longa caminhada. A Menina estava só. Continuou trabalhando na Marcenaria. Continuou a fazer as novas caixinhas, porque ela nunca esqueceu sua missão de vida: entregar uma caixinha mágica para cada morador do Reino de Pii. Com a crise, muitas famílias foram embora, deixaram suas casas com algum familiar ou venderam seus bens para ter recurso para recomeçar em algum lugar. Mas, a esperança dela era entregar para todos os moradores do reino a Caixinha Mágica d

A raiva de Mevi

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 Jomei contou ao pai que uma mulher bateu à porta perguntando por ele. Cabelos longos, pretos, enrolados, baixinha e gordinha. Mevi não teve dúvidas, a Menina foi na mansão.  Mevi conhecia muito bem as pessoas. Tinha experiência de vida e experiência com gente. O grande Líder é doutor em pessoas. Ele conhece cada pessoa que vive com ele. Mevi sabe quem é cada um que já conversou com ele pelo menos por 10 minutos. Sabe quem são elas, mas as deixam nos lugares delas, sabendo quem são de verdade. Sempre respeitando, mesmo sabendo quem elas são. E, principalmente sabendo quem ele é.  Ao chegar na marcenaria, Mevi não encontrou a Menina. Ao perguntar, soube que ela saiu um pouco triste pra casa. Seguiu em direção à casa dela. Batendo na porta da Menina, Mevi estava decidido a se mostrar quem era de verdade pra ela. - Oi, Menina. Você foi na minha casa? - Oi, Mevi, entra. Estou arrumando meus livros. Espero que não se importe com a bagunça. Há dias não arrumo essa casa, porque não estou bem

A crise do ouro de Pii

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 A extração da areia da Montanha Dourada é um trabalho finito. Pelos cálculos do grande Líder, o ouro do Reino de Pii, daria pra enriquecer 7 gerações. O trabalho na grande fábrica seria, estimadamente de 45 anos. Pois a matéria primária não tem reinserção na natureza.  Com a chegada dos estrangeiros, muitos curiosos se interessaram em conhecer todo o processo do ouro puro e mais caro do mundo. Até que uma equipe de geólogos concluíram um estudo do local e constataram o grande impacto da extração da areia, da transformação química feita na fábrica e como isso prejudicava o meio ambiente, os animais e os moradores do reino. A lei internacional de preservação da natureza e da vida, decidiu interditar o trabalho de 34 anos da fábrica. Com a fábrica fechada, milhares de famílias ficaram sem emprego. Outros entraram em falência. O comércio parou. Os estramgeiros foram embora. A imigração foi muito grande. E o reduto fechou suas portas. Mevi, em uma situação complicada, não falou mais com ni

Um passeio na noite do Reduto

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 Dias se passaram, na Marcenaria os trabalhos só aumentando, deixando todos muito atarefados.  A Menina não cabia em si de tanta felicidade. Toda sua vida voltou a prosperar, apesar de não continuar a cumprir sua missão, ela via em seu novo ofício uma luz para realizá-la em breve.  E há dias que ela não via seu novo e lindo amigo. Sentia falta do sorriso dele. Sentia falta da voz grossa e firme dele, mesmo falando pouco e ouvindo mais. Pois ela é que falava muito quando os dois se encontravam. Sentiu um pouco de vergonha de ser tão tagarela. Mas é porque ela confiava demais nele. Por um instante, lembrou do seu quarto do Castelo de Areia e sentiu saudades de ouvir a música boa e o burburinho feliz da sua vizinhança. Na realidade, ela lembrou do que Mevi falou: - Todas as noites eu estou aqui, Menina. E resolveu dar um passeio na noite do Reduto. Nunca ela tinha se vestido tão linda. Azul sempre foi sua cor preferida. A camisa, a calça e o tênis azul, toda combinadinha. Seguiu feliz da

Quando nasce uma amizade no Reino de Pii

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 Um dia se passou e a Menina voltou a trabalhar. Uma montagem bem grande e trabalhosa foi encomendada para o escritório do sr Gerard. E o seu amigo foi de pronto fazer tudo e levou a Menina como ajudante. Foi um dia inteiro de ocupação. Sorriram muito com as conversas sobre a trajetória daquela amizade antiga dos dois homens mais admiráveis que ela já conheceu. A Menina olhava aquele momento com muita felicidade. É um privilégio viver perto deles. Ela aprendeu muito sobre o reino e sua origem. Descobriu muito sobre o homem que havia passado a noite na floresta, que ela já considera seu novo amigo. Na hora do almoço, sr Chico teve que sair e deixar a Menina com o restante do trabalho. Sr Gerard e ela conversaram muito e os dois se ligaram mais ainda, como pai e filha. Havia um respeito e um carinho tão grande entre os dois. O sr Chico os convidou pra jantar em sua casa, depois que o trabalho fosse terminado, coisa que a Menina fez na mesma tarde.  No pôr-do-sol, enquanto ela arrumava su

O despertar da Menina na floresta

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 Era noite ainda, um frio muito forte fez o corpo da Menina estremecer.  Sua nuca estava dolorida pela posição esquivada no braço esticado do grande mestre. Ele roncava alto, então o sono estava profundo, ela não quis acordá-lo.  A Menina sorriu feliz ao vê-lo tão entregue à grande floresta. Aquele lugar era mágico, jamais queria sair de lá. Ela levantou devagarinho. Foi à barraca, preparou um simples café, e colocou numa pedra perto da fogueira, que já havia apagado. Ficou parada ali, olhando Mevi em seu sono de mestre. Ela achava lindo tudo nele, seu rosto, seus cabelos curtos e enrolados, pareciam lisos, tentou tocá-los, mas decidiu não arriscar, ia admirá-lo só de longe mesmo. Ficou no imaginário dela passando a mão em cada pedacinho do rosto dele, ficava fazendo o gesto no ar, contornando os olhos, o nariz, a boca, o queixo dele, as orelhas... ela conseguia sentir sua pele. Mas sabia que aquilo era impossível. Uma lágrima caiu de seus olhos e ela resolveu passear pela floresta, de

A manhã de Mevi na floresta

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Uma manhã nublada e fria. Um vento frio bateu no rosto de Mevi quando os primeiros raios de sol apareceram. De um arrepio ele sentiu seu braço esticado e dormente, teve a sensação do peso da cabeça da Menina, olhou devagar e se espantou pois não tinha ninguém, só um edredom verde que o cobria. Levantou e olhou ao redor, não a viu, a barraca estava aberta e próximo da fogueira, que estava apagada, tinha um prato com café e frutas cortadas num prato branco quadrado.  Mevi se levantou rápido, tomou um pouco de café e saiu. Ficou olhando para ver se avistada a Menina, mas não a encontrou. Seguiu direto para o Reduto, não gostou de ter dormido tanto fora da sua mansão, nunca havia feito isso em mais de 20 anos. E 20 anos não são 20 dias, né?  Ao chegar, foi direto pro banho, a casa vazia. Ele parou debaixo do seu chuveiro quente e lembrou da noite mais agradável que teve com aquela menina. Nunca pensou que ia gostar tanto de ouvir suas conversas bobas. Lembra de cada detalhe, do jeito que e

Um dia na floresta

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Uma noite inteira chorando, sentindo angústia, o ar faltando e o corpo fraco fez a Menina arrumar sua mochila e ir andar pela floresta pra recuperar sua força e, principalmente tentar entender por que todos os seus sonhos deram errado... Mevi sabia que estava perto de anoitecer. Mas seu objetivo era encontrar aquela menina e zerar todas as dúvidas que ficaram nesses anos todos. Ele não andava por ali com frequência, mas conhecia as trilhas para as barracas. O Rei há muito tempo havia feito o Ecoturismo de Pii, com trilhas, labirintos, quiosques e barracas para os visitantes. O verão era lotado de visitantes. Mas, naquele outono não tinha ninguém. Várias histórias contavam sobre um tigre bem grande da floresta, mas nunca foi visto por ninguém. As barracas espalhadas na floresta eram seguras e tinhas vários tamanhos. Quem alugava era o pai de Mevi, ele como filho acompanhou a montagem de várias. Imaginou a Menina numa barraca de solteiros, pois disseram que ela saiu sozinha e triste. Enq

À procura daquela Menina

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 O grande Líder todos os dias tinha que percorrer todo o Reino de Pii. Pra negociar toda a logística do ouro, pra fazer circular corretamente toda a fortuna do reino e pra harmonizar as riquezas dos castelos. Não tinha um negócio que não passasse pela sua assinatura. Mevi gostava do seu ofício, mas estava cansado de tanto andar pelo reino. No fundo, tinha vontade de descansar uns dias, mas não tinha ninguém com capacidade para substituí-lo. Pensou em delegar suas várias funções para os amigos mais antigos, os únicos em que ele confiava. Mas, não era a hora. Numa tarde nublada, caminhando pro castelo secundário, Mevi olhou para o céu e lembrou do dia em que trombou feio com aquela pessoa. A Menina da Caixinha Mágica de Pii.  Ela o irritava. Tinha um jeito diferente de ser. Pensava o oposto dele. Era inocente, pensava que todo mundo era bom. Esperava demais dos outros. Se mostrava demais pros homens. Sorria pra qualquer um. Gostava de sensualizar. Nem era tão bonita quanto se achava. Ah,

À procura de Mevi

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Depois de um longo percurso, a Menina ficou sem saber o que fazer. O Líder não ficava em seu escritório no Reduto durante boa parte do dia, não tinha horário e nem dia pra ficar lá. Ele estava em todos os lugares o tempo todo. Então, ela tinha que ir por onde ele ia se quisesse falar com ele. Começou a andar pelos lugares que antes eles conversavam. Perguntava e ouvia de que desde aquele tempo o Líder nunca mais voltou ali. Depois foi a outros que ela o via quando passava de caminhão e há dias ninguém dava o paradeiro dele. Então, cansada, sôfrega a Menina decidiu voltar pra casa... caminhou olhando pro céu, admirando o pôr-do-sol, quando ela bateu num homem e caiu. O corpo doía quando uma mão já conhecida tocou seu braço: - Cuidado, menina. Olhe por onde anda. Cê tá bem? - Disse Mevi um pouco chateado. - Desculpe. Desculpe. Eu não vi você. Desculpe. - Tudo bem. Mas, cê tá bem? - Sim sim. Eu quero muito falar com você. Eu lhe procurei no seu escritório. Fui nos lugares que antes te via

Os souvenirs da Menina

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Por muito tempo a Menina passou seus dias trabalhando. Manhã, tarde e noite; sábados, domingos e feriados; tempo frio, tempo quente... ela se debruçou em aperfeiçoar uma técnica que só o sr Chico tinha e que decidiu ensiná-la pra que sua invenção siga pelo tempo e passe de geração em geração. Já que o sr Chico não teve filhos, ele adotou com Amor e carinho aquela menina sozinha. O maior desejo da Menina era replicar a sua caixinha, feita por sr Chico quando ela nasceu.  Um tempo depois de chegar na Marcenaria, quando ela levou sua caixinha de areia ao trabalho pra ser usada como modelo, o seu amigo.contou toda a história daquele souvenir e confessou que o M não era por causa de seu único nome e sim do grande Líder 5 anos antes dela nascer. Mesmo decepcionada, ela ficou muito feliz por ter algo que a ligava a Mevi, mesmo que só na sua cabecinha sonhadora. Ela chegou até a pensar que uns tempos atrás em que eles foram amigos confidentes, quer dizer, ela era confidente, ele só a escutava

Os segredos do Castelo de Areia

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Em 34 anos que a família da Menina adquiriu o castelinho, o lugar se alegrou. Sempre foram muitos. Entre eles havia a hierarquia: os ricos comandavam, os pobres obedeciam. Mas todos se harmonizavam nas inúmeras festas do castelo. Sempre simpáticos  prestativos, inteligentes e perspicazes. No Reino de Pii, a família do Castelo de Areia era respeitada. Todos bem conhecidos, tinham bons trabalhos e eram bem prósperos em todos os setores da corte. Uns tinham bons salários. Outros adquiriram tesouros.  E tinham as sete mulheres do Castelo. Numa história à parte, duas delas fizeram seu caminho longe do castelinho. Uma foi trabalhar direto com o súdito direto do Rei, na parte política. Quatro eram as trabalhadoras do Castelo terciário: na parte administrativa, finanças e também limpeza e organização. E tinha a caçula, que não tinha emprego em lugar nenhum, mas sonhava em ajudar os mais necessitados e também manter viva a tradição do reino. De todos, a Menina sempre ficou por último. Até queri

O lado triste da Menina

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 Ao andar pro caminhão, cabisbaixa e chorosa, a Menina lembrou de todas as suas dores como um filme triste. Lembrou de quando era pequena e sofreu abusos de seu irmão alcoolatra. Ele passava a mão nela enquanto estava dormindo na rede e ninguém via, mesmo a casa estando cheia de gente. Era tanto medo que a alma dela flutuava e ficava longe de seu corpo. Ela nunca conseguiu chorar, nem contar, nem pedir socorro.  Na adolescência, quando nem lembrava mais e tudo estava tranquilo os terrores voltaram a acontecer. Ele divorciou e voltou pra casa dos pais dela. Quando chegava, passava a mão nela enquanto dormia. Outra vez ficava nu na frente dela fingindo dotmir... a Menina conseguiu gritar, chamar ele de monstro, contar pros seus pais, pra sua irmã mais velha. Mas, o que ouviu é que o seu irmão alcoólatra estava doente e que ela tinha que evita-lo e se proteger quando ele tentasse alguma coisa. Que a culpa era dela com o jeito de ser extrovertido, carinhoso e alegre e aquelas roupas colada

Depois de um bom tempo

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 O grande Líder sempre foi presente em todas as áreas do reino. E quem não conhecia Mevi? No último ano, muitos estrangeiros chegaram no Reino de Pii, na promessa de vida melhor. Comprando terras, montando fábricas, comércios novos, indústrias. A sua estrutura era comercial agora, sem perder sua essência.  A grande riqueza do reino ainda era a Montanha Dourada. Mevi procurava manter todos na melhor parte do reino, afastados das areias e da grande fábrica. E tudo estava em harmonia. Na parte estrangeira, como ficou sendo chamada, as construções prosperaram. A marcenaria do sr Chico cres cera muito, com muitos empregados. A Menina se especializara em montagem e na entrega dos móveis. E toda vez que ela ia fazer seu trabalho, acabava vendo de longe aquele que um dia foi seu amigo. Mevi, sempre brilhava aos olhos da Menina. Tão lindo, simpático com todos. Ele estava sempre feliz. Seu sorriso para todos a deixava feliz. Mesmo que ele não a visse. Ela vibrava por dentro sempre que o via, dep

Por onde anda a Menina da Caixinha Mágica?

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 Os castelos primário, secundário e terciário reagiram muito bem ao projeto da Caixinha Mágica de Pii. Todos arrumaram um jeito de agradecer àquela Menina da periferia pela grande ideia. Uns poucos não deram atenção e só jogaram a Caixinha em algum canto de sua casa. Outros odiaram e fizeram questão de mostrar o souvenir sendo jogado no seu lixo, quebrado, que era pra outros não pegarem. Um dos diretores da grande fábrica ao ver o grande sucesso daquela tradição e curioso de qual lugar a Menina havia coletado tanta areia que não saía da Montanha Dourada, foi ver com a família dela. Contou o segredo da areia do reino que fazia o lugar tão precioso. Deixou a família descobrir que era rica e que a Menina havia usado o famoso Monturo do Castelo de Areia. Lugar que a família sempre jogava lixo e obrigava a Menina a limpar, era um morro de areia de aproximadamente 4m de altura, onde ninguém dava valor. De tanto ser coberto de lixo, nem se via mais a areia amarelinha e brilhosa que existia. M

O olhar da Menina pro Líder

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"Nesses últimos quatro meses, todos os dias ele passa por mim. Tem um olhar singelo. Um sorriso carinhoso. Ele me olha diferente, não sei o que ele está pensando quando eu fico falando, falando, falando e ele só escuta. Eu já contei toda a minha vida pra ele, confio inteiramente naquele homem que na realidade acabei de conhecer... e nem sei nada da sua vida. O pouco que sei é o que o povo diz, mas notei que o povo nada sabe dele. Eu só sei o que eu sinto. E o que eu sinto é que ele é tão sozinho e tão dolorido. Sinto sua alma fechada em si mesmo por já ter sofrido demais. Sinto que ele não confia em ninguém por já ter se decepcionado com todos. Sinto que ele não ama nenhuma das mulheres que namora, mesmo dando todo carinho e atenção pra elas, deixando-as muito apaixonadas. Eu não sei nada dele. Mas, sinto a sua solidão em meio a todos que o rodeiam. Ele nunca anda só. Tem sempre os amigos que o seguem por onde ele for. E ele vai pra todo canto do reino o tempo todo. Tem um negócio

O olhar do Líder pra Menina

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 A Menina vivia correndo pelo reino. Com todo mundo ela tinha um abraço, um sorriso, um carinho. Mesmo já adulta ela gostava de roupas leves e curtas, chinelinho e tênis, bonés e um lenço azul.  O lenço estava no pescoço dela no frio ou no calor, era parte indispensável no corpo dela. Às vezes nem era reconhecida pelo rosto, mas se visse o lenço azul ela estava lá. De vez em quando a Menina esquecia-o em algum lugar, mas alguém o devolvia de pronto, não era de outra pessoa. "Ela gostava de tocar as pessoas. Nunca a vi conversando à distância de alguém. Pegar nas mãos, olhar fixo nos olhos, cabeça entortando de um lado pro outro e aquele sorriso. Ah, o sorriso exagerado que encantava a todos. Muitos homens se apaixonaram por ela, queriam se aproximar, ela dava bola, paquerava, curtia, mas de repente sumia da vida deles. Nunca a vi se apaixonar por alguém. Observando mais de perto, a Menina tem um jeito preguiçoso, um pouco vulgar, gosta de mostrar seu corpo pra todo mundo e não é t

A segunda caixinha

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 O marceneiro sr. Chico, gostava muito de pegar restos de madeira e fazer souvenirs para os visitantes da grande floresta. Desde quando começou o Reino de Pii ele vivia sonhando com o dia daquele lugar se tornar um parque florestal, com cabanas de madeira, feirinhas de produtos naturais, guias turísticos locais para acompanhar as pessoas em trilhas pela parte mais linda da floresta. Um certo dia, sr Gerard, grande amigo de infância de sr Chico pediu um pequeno favor: - Chico, faz um baú em miniatura pra mim. Quero presentear meu filho, no aniversário dele, ele merece. Está trabalhando muito construindo a grande fábrica, não tem tempo pra nada, precisa conversar com colaboradores do mundo inteiro, fica até de madrugada acordado fechando negócio, tem que esperar as máquinas e mercadorias chegarem a qualquer hora, ele mesmo tem que receber, porque não tem ninguém que saiba mais do que ele o valor de cada maquinário.  - Mas, Gê, moço, eu nunca fiz baú... Tenho que tentar... Vou fazer um, c

Ao olhar praquela Menina

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 Mevi sorria ao sair rápido enquanto a Menina o enchia de perguntas.  "Claro que não vou responder todas aquelas perguntas bobas. Se bem que ela sabe um pouco da minha história, mas é o que os outros dizem e os outros não sabem nada do que vivi pra chegar até aqui." Mevi divagava sobre o jeito tolo da Menina que tinha a mesma caixinha que ele. No primeiro dia que falou com ela, em frente à fábrica, ficou assustado em vê-la carregando nas mãos a sua caixinha de madeira talhada com a sua inicial e bem conservada, tanto que ainda brilhava a areia que foi colada nela. Mesmo depois que foi em casa, entrou no quarto, afastou a cama, abriu o cadeado no chão debaixo do tapete, tirou uma caixa grande, abriu a fechadura de sete voltas e viu... ela estava lá, sua caixinha de madeira talhada, com sua inicial... não brilhava mais tanto por fora, mas o ouro em barra, aquele primeiro moldado pelo ourives ao derreter a areia da Montanha Dourada estava lá, do mesmo jeito que ele deixou... &qu

Um toque no braço

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 "Ele tocou meu braço de novo." - pensou a Menina ao sentar na beira da sua cama. "Tocou com a mesma vontade e eu senti o mesmo arrepio. Posso estar com medo. Posso estar curiosa. Mas meu corpo sentiu sim algo novo. E eu me lembrei daquela luz, distante de mim, nos meus sonhos no Reduto.  Quem é ele? O que ele faz? Porque ele me tocou? Não só o braço, mas o coração. O que está acontecendo?" A tarde inteira os pensamentos da Menina foi tocado por aquela sensação. O olhar de um homem desconhecido. A voz de uma pessoa estranha. A presença de alguém que traz uma luz já conhecida. Aquela luz distante, de um sonho também distante... À noite uma batida assustou a Menina despertando-a de um sono profundo. E outra batida veio da janela alta de seu quarto. Ao abrí-la viu seus amigos lá embaixo, na rua do Reduto, onde tinha uma pequena festa, com poucas pessoas numa mesa, sorrisos, música, alegrias. Logo ela se arrumou e foi estar com eles. Num instante entrou naquele clima al

Eu já senti isso

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Nos dias que se seguiram, a Menina começou a entregar as primeiras caixinhas em casas aleatórias, queria sentir o interesse das pessoas que recebiam a pequena lembrança do Reino de Pii, a antiga tradição que se tornou tão importante e especial pra ela. Junto  com 2 amigos percorreu as ruas largas do Castelo Primário, moravam poucas famílias, pessoas simples e pobres, que trabalhavam o dia inteiro na grande floresta do Reino, eram homens naturais, não davam muita importância a souvenirs e tinham a areia da praia em abundância ao seu alcance. Mas, mesmo assim, foram carinhosos com a intenção da Menina e agradeceram com sorrisos e acolhimento. O dia foi longo, pois tiveram que caminhar bastante.  Ao voltarem, passando por uma grande estrada, os amigos sentiram sede e a água da garrafa deles tinha acabado, foi quando decidiram parar num mercadinho e pedir ajuda. Flor e Maguchi ficaram sentados e ela foi olhar umas flores expostas na frente do estabelecimento. Quando ela sentiu o braço send

Quem conta um conto aumenta um ponto

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  A Menina começou a andar pelas ruas do Reino de Pii. Conhecia a vida de cada família, fazia graça pros velhinhos que sentavam à porta. Contava historinhas às crianças sentados na praça ou nas calçadas. Conversava assuntos sérios com os adultos nos mercados e postos durante o caminho. Na volta pegava outros caminhos, observava os pássaros que voavam de uma árvore a outra construindo seus ninhos com Amor. Olhava também o céu de Pii, tão imenso, tão azul e sempre a forte sensação de estar na curva do mundo, pois o céu fazia um arco no horizonte. Foram dias e dias de trabalho árduo para a Menina. Ela queria conhecer o lugar onde viveu a vida toda. Ela queria mesmo era poder ser confiável para entregar a cada família a Caixinha Mágica de Pii e cumprir sua grande missão. Depois de meses, quase um ano, ela concluiu sua pesquisa, sabia quantas casas e quantas famílias iam receber a honraria do reino. Nesse período conheceu muita gente boa, vários se juntaram a ela e outros a criticavam e sor

A Montanha Dourada

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O marco zero do Reino de Pii está marcado ainda com a mesma vara de madeira com um lenço branco amarrado na ponta como foi feito no dia da grande lua cheia e vermelha em que o grande Líder a descobriu. Fica na beira da montanha de areia. O lugar mais próspero, lindo, bem cuidado do reino. Mevi, ao voltar do ourives no dia que descobriu o ouro, sentou-se ao lado do seu lenço amarrado numa pequena vara de madeira, pensou muito em como ia conseguir transportar toda aquela riqueza que ali estava. Naquele lugar o vento era muito forte e de vez em quando uns tornados, uns redemoinhos e mais frequentemente umas ventanias espalhavam todo o ouro que agora o pertencia. Depois de um bom tempo pensando, o grande líder foi ter com seu primo Aledy, trocaram ideias, tiveram divergências, eles não pensavam igual, apesar de quererem a mesma coisa. A discussão foi pesada, mas rendeu frutos. Aledy de cabeça quente como sempre, saiu pela floresta adentro pra se acalma. Voltou 1h30 depois todo sorridente e

A Caixinha Mágica de Pii

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 A Menina teve uma grande ideia!!! Ao ver a sua caixinha de lembrança do seu nascimento, presenteada pelo Rei Aledy como tradição do Reino de Pii a todos os nascidos do reino, a Menina sentiu o coração aquecer. Seus olhos brilharam com o reluzir da areia amarelinha que ali estava. E foi aí que ela decidiu presentear todas as famílias com uma caixinha mágica de Pii. Mas, como conseguir as caixinhas? A areia tem de sobra na montanha dourada. E não tem problema nenhum um palmo de areia numa caixa pequena de madeira. É um presente. Uma lembrança inocente. E no outro dia a Menina procurou o responsável por todos os cadastros da população do Reino. Um lugar muito grande anos depois de ser criado, o Reino era muito extenso para a Menina cumprir essa tarefa.  Mas, ela ia fazer sim o que se propôs. Assim, ela conheceu o sr. Gerard. Um senhor de cabelos grisalhos. Um sorriso farto. Um brilho no olhar. E uma voz doce. No primeiro contato a Menina ficou conversando horas e horas com ele sobre o se

Da luz que restou aqui dentro

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  Hoje está tudo tão doloroso. Mas, não é como aquela dor de ter sido espancada até cair. Não. Não mais.  É uma dor de quando você olha ao redor(do lado de dentro) e vê que tudo está quebrado, caco após caco. Quando você vê que as coisinhas que você guardou com carinho não valem mais nada. Quando você se vê sem nada.  É uma dor pós analgésico. Meio adormecida.  Não consigo mais chorar. Não fico mais angustiada, nem quero me esconder. Ainda sinto medo, mas o medo não me paralisa mais. Não estou mais fraca. Nem sinto tontura e nem falta de ar. Estou tranquila, aquela tranquilidade que vem depois da tempestade. Estou feliz, apesar de tudo. É meio esquisito falar isso, eu sei. Mas, é a grande verdade desse dia: Estou feliz. Pelo simples fato de estar aqui, ainda. Aqui, nessas entrelinhas todas da minha vida. Que tem um bom sentido aqui. Quem sabe eu tenha sido feita pra isso e só estava tentando ser alguém do outro lado, né? Eu sei, ISSO TUDO VAI PASSAR.  Sou grata por ser amada por DEUS,

O sonho do Líder

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Mevi tinha tudo a seu comando. Há tempos ele não sonhava mais. Tinha todos os sonhos de um homem de 47 anos realizado. Com todo o dinheiro do mundo em suas mãos, comandando uma tropa inteira de trabalhadores dedicados a quem ele chamava de amigos, Em sua mansão, a única do Reduto mantinha sua bela e feliz família longe de todos do Reino de Pii, nunca deixou faltar nada para eles e criava os próprios obstáculos para que cada um lutasse com suas forças para alcançar o sucesso. Mantinha seu mundo paralelo fora dos muros da mansão. Era um grande líder, presente, dedicado, empático com todos, não havia no Reduto um que se opusesse aos seus comandos, porque Mevi pedia e não mandava, seu pedido era a ordem. Por onde andava, deixava um rastro de alegria, todos os dias sentava numa grande mesa em frente a uma porta pequena, vermelha e convidava os mais antigos da grande fábrica para tomar uma cerveja. As risadas soavam longe e todos queriam fazer parte daquele momento.  Com o tempo ele passou a

O sonho da Menina

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 O quarto da Menina guardava todos os seus sonhos. Ela chegou lá aos 10 anos e desde sempre criava toda a sua imaginação, todo o seu mundo mágico ali dentro. Acordada, ela era a Rainha de todo o Reino de Pii. Por ela saía todas as leis e a principal era: Todos são diferentes, o Respeito nos tornam iguais. E com essa lei master os habitantes do seu Reino era tratados com respeito, com justiça, com equidade. As pessoas tinham uma boa educação, boa alimentação, acesso à saúde de qualidade. E ao chegar aos 20 anos, cada cidadão recebia um desafio e disso ele seguia seu caminho profissional. O mérito de cada um vinha da mesma base: educação, alimentação e saúde.  No Reino da Menina existia um poder para cada castelo: Reinventar as suas sobras. O maior desafio era transformar o seu lixo em algo novo. Não existe o "jogar fora". Cada coisa tem o seu lugar. O que se estraga vira adubo. O que envelhece vira história, cada castelo tem que cuidar do seu próprio museu. Os restos viram art

Mevi, o grande Líder

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 O Reino de Pii existia há menos de 30 anos. O local era pouco habitado, tinha umas famílias em pequenas casas espaçadas, que sofriam com a escassez de comida e água potável. O que predominava era a praia, água do mar e mata fechada. Ninguém tinha coragem de entrar naquele lugar. Três homens, que viviam na mesma casa decidiram mudar alguma coisa... eles iam embora. O sr Gerald pai do menino Mevi e do astuto Aledy teve uma ideia, decidira desbravar a grande mata. E assim foram. Andaram muito mata a dentro. Descobriram bichos diferentes. Descobriram novos frutos, novas flores, folhas e sementes. Descobriram peixes do mar grandes que dariam para 3 dias de refeição. E um dia, todos cansados e felizes com tanta riqueza e fartura, decidiram descansar. Andaram para um lugar bem tranquilo, um areial, bem amarelinho, uma cor brilhante demais predominava naquelas areias. Era muito encantador. Todo aquele lugar estava desabitado. Tinha muita beleza ali.  Enquanto os três homens descansavam, Mevi

A Menininha

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A Menininha nasceu numa manhã de sol bem amarelado. Mês de julho no Reino de Pii é um tempo gostoso pra passear perto do mar. Mesmo poucas pessoas sabendo curtir esse lugar, desde o momento que veio ao mundo a Menininha foi levada às areias amarelinhas e brilhosas da praia Dourada.  O Reino de Pii tinha uma tradição de doar um saco de sua areia para os novos habitantes do lugar.  Mas, no dia que a Menininha nasceu, sua mãe recebeu o presente dela numa caixinha. Era de madeira talhada, no formato de um baú e tinha uma letra M parafusada. Anos e anos depois, sua caixinha ficava no canto da sua cama, como um amuleto, um pouco coberta de poeira, meio esquecida, sem ser mexida ou mudada, estava ali. Enquanto o tempo passava, o Reino crescia, a população trabalhadora aumentava. Cargas e cargas iam e vinham do Reduto pra o centro do Castelo de Areia cada vez mais. A Menina crescida sentia falta de ter um trabalho. Ela, cheia de sonhos, desejava ajudar a todos, tinha vários propósitos e sempre