O tempo de espera da Menina



Foi um ano inteiro muito difícil para a Menina. Um momento de deserto. 

As pessoas que ela se apegou, de tanto ela repetir sobre o seu sofrimento, se afastaram. Não é pra qualquer um aguentar uma pessoa que sofre. E se sentindo sozinha, a Menina começou a se olhar por dentro. A solidão fez ela trabalhar em si mesma, se compreender, entender seus sentimentos, analisou sua dor, buscou um lugar vazio em si mesma, colocou novos pensamentos, novos aprendizados, leu muito o evangelho de Jesus Cristo, com o olhar da sua dor e recomeçou uma longa caminhada.

A Menina estava só.

Continuou trabalhando na Marcenaria. Continuou a fazer as novas caixinhas, porque ela nunca esqueceu sua missão de vida: entregar uma caixinha mágica para cada morador do Reino de Pii. Com a crise, muitas famílias foram embora, deixaram suas casas com algum familiar ou venderam seus bens para ter recurso para recomeçar em algum lugar. Mas, a esperança dela era entregar para todos os moradores do reino a Caixinha Mágica de Pii.

A Menina estava só.

Nesse período ela ficou doente e se curou. Ela ficou sem dinheiro, mudou várias vezes de casa por não poder pagar o aluguel, acumulou dívidas, acumulou problemas, teve o descrédito de quem não a conhecia. Mas, ela continuou na Marcenaria, mesmo não ganhando muito. Só que ela tinha o propósito de passar por aquilo e vencer para poder cumprir tudo o que sempre sonhou. Às vezes, a depressão encostava no coração dela, mas a leitura, a prece, a Fé da Menina a fazia levantar e continuar. 

A Menina estava só. Mas, tinha Deus no coração. 

E depois de um ano, ela encontrou uma luz e a seguiu. Foi se levantando devagar. Foi reorganizando suas dívidas. Voltou a morar na primeira casa que estava quando foi para o seu caminho. Reencontrou antigos amigos e foi amada e admirada por eles. 

A Menina estava feliz só. E tinha Deus lhe guiando.

Em seu momento mais sombrio, a ansiedade a fraquejou muito. Depois de tudo voltar a prosperar ela ainda tinha o corpo fraco e ficou com medo de sair correndo atrás de tudo o que mais queria. Ficou mais devagar, ficou mais pensativa, ficou mais serena. Ela pensou em ir procurar o grande Líder e tentar conversar com ele sobre tudo, mas o medo de ser mal recebida de novo, de ouvir palavras duras, de ser ignorada a paralisou. Ela ficou parada ao pensar no homem que ela aprendeu a amar de longe e incondicionalmente. Não importava o que ele pensava, nem o que ele fazia. Não importava se ele não a amava. Não importava se ele não lembrasse mais dela. A Menina amava Mevi como uma pessoa especial, mesmo com defeitos. Amava aquele homem mesmo sem vê-lo, sem ouví-lo, sem tocá-lo. Era amor e pronto.

A Menina estava feliz, transbordando amor, completa e só. Mas, nessa história ela sabia que merecia o mundo. 

E ela seguiu a sua luz.

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