Por onde anda a Menina da Caixinha Mágica?

 Os castelos primário, secundário e terciário reagiram muito bem ao projeto da Caixinha Mágica de Pii. Todos arrumaram um jeito de agradecer àquela Menina da periferia pela grande ideia. Uns poucos não deram atenção e só jogaram a Caixinha em algum canto de sua casa. Outros odiaram e fizeram questão de mostrar o souvenir sendo jogado no seu lixo, quebrado, que era pra outros não pegarem.

Um dos diretores da grande fábrica ao ver o grande sucesso daquela tradição e curioso de qual lugar a Menina havia coletado tanta areia que não saía da Montanha Dourada, foi ver com a família dela. Contou o segredo da areia do reino que fazia o lugar tão precioso. Deixou a família descobrir que era rica e que a Menina havia usado o famoso Monturo do Castelo de Areia. Lugar que a família sempre jogava lixo e obrigava a Menina a limpar, era um morro de areia de aproximadamente 4m de altura, onde ninguém dava valor. De tanto ser coberto de lixo, nem se via mais a areia amarelinha e brilhosa que existia. Mas, a Menina, quando teve a ideia do projeto começou a limpar toda a sujeira e tirar a areia limpinha de dentro e usar nas caixinhas. A família dela a aplaudiu muito e a parabenizou pela limpeza e cuidado daquele Monturo que enfeiava o Castelo de Areia. Só que 2 anos depois, quando toda a areia acabou, sendo espalhada pelos três castelos nas Caixinhas Mágicas de Pii, o diretor da grande fábrica descobriu o segredo de que toda aquela areia do Monturo, guardada debaixo do lixo, era ouro puro. O ouro de Pii.

A fúria deles foi cruel. Acusaram a Menina de ladra. Fizeram provas falsas de que ela estava vendendo a areia pra usar o ouro a seu favor. A espancaram, machucando-a. Tomaram os seus pertences do quarto. A expulsaram do Castelo de Areia e fecharam o portão. Ela nem podia se despedir de sua mãe. Seu pai já havia falecido há 3 anos e isso ainda doía nela. A filha caçula, que sempre foi dengada, bem cuidada, mimada por todos, agora era a ladra da família. Ela nem entendia o que tinha roubado do Castelo de Areia, pois não tinham grandes riquezas, todos eram assalariados do Rei Aledy. Podiam ter altos cargos, mas não eram nobres.

E a Menina saiu a caminhar, escolheu a grande estrada por ser deserta à noite. Só levava sua mochila marrom com suas roupas e sua lembrancinha de nascida, a caixinha de madeira talhada com sua inicial, M. Ainda brilhosa, bem acabada. Era o que ela mais prezava.

De tanto caminhar, toda machucada, ela caiu ao se encostar numa grande árvore. Conseguiu descansar. E quando amanheceu, já mais forte, pensou em pedir ajuda no reino primário, pois lá sempre precisa de gente pra trabalhar. Assim ela fez. Encontrou abrigo, acolhimento e trabalho. 

A Menina não possuía nada. Com os meses, conseguiu fazer uma casinha, juntos com os novos am8gos. Aprendeu a fazer móveis de madeira. Criou souvenirs tão bonitos pra sua casinha que começou a receber encomendas e assim ela ganhava um dinheirinho.

Na marcenaria ela era montadora de móveis. E aprendera a consertar os que voltavam com defeito. Depois aprendeu a dirigir a carreta e a entregar nas casas e castelos de todo o reino os móveis encomendados na marcenaria do sr. Chico.

Um dia, enquanto montava um guarda-roupa, ela ouviu uma voz familiar:

- Bom dia, o Chico está?

- Bom dia. Oi. Sr Gerard? Tudo bem?

Gerard não conheceu aquela menina meio sujinha, de cabelão, bem gordinha... até que:

- Menina? Você por aqui? Como vai o projeto da Caixinha Mágica de Pii? 

Uma lágrima desceu naquele olhar triste. Cabisbaixa, a Menina ficou em silêncio. Virou as costas e recomeçou a montar o móvel à sua frente. Nesse momento sr Chico chegou e tomou sr Gerard pro seu escritório, encerrando aquela conversa engasgada numa lágrima dolorosa.

A Menina saiu na carreta pelo reino a entregar os móveis, a consertar outros, até aproveitava para vender seus souvenirs pelo caminho, não sobrava um, a cada dia ela faturava bem com as vendas. Sr Chico sabia do sucesso da Menina e a ajudava mais ainda. Ela havia se tornado, em 10 meses uma ótima vendedora e montadora de móveis da marcenaria. Crescia como profissional. Mas seu coração estava todo quebrado, machucado, dolorido.

À tardinha, ela gostava de andar pela floresta até à praia. Era um caminho longo, perigoso, mas ela gostava de sumir e rezar sozinha. Isso a curava por dentro.

Assim, em silêncio, a Menina seguiu seu caminho.

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