O despertar da Menina na floresta


 Era noite ainda, um frio muito forte fez o corpo da Menina estremecer. 

Sua nuca estava dolorida pela posição esquivada no braço esticado do grande mestre. Ele roncava alto, então o sono estava profundo, ela não quis acordá-lo. 

A Menina sorriu feliz ao vê-lo tão entregue à grande floresta. Aquele lugar era mágico, jamais queria sair de lá.

Ela levantou devagarinho. Foi à barraca, preparou um simples café, e colocou numa pedra perto da fogueira, que já havia apagado. Ficou parada ali, olhando Mevi em seu sono de mestre. Ela achava lindo tudo nele, seu rosto, seus cabelos curtos e enrolados, pareciam lisos, tentou tocá-los, mas decidiu não arriscar, ia admirá-lo só de longe mesmo. Ficou no imaginário dela passando a mão em cada pedacinho do rosto dele, ficava fazendo o gesto no ar, contornando os olhos, o nariz, a boca, o queixo dele, as orelhas... ela conseguia sentir sua pele. Mas sabia que aquilo era impossível. Uma lágrima caiu de seus olhos e ela resolveu passear pela floresta, deixar a imaginação ficar por ali mesmo.  Colocou o seu edredom nele, pois imaginou ele sentindo muito frio, mesmo sem ele se mexer com aquele ventinho. E saiu.

Tê-lo bem perto naquela noite foi a coisa mais linda e singela de sua vida e não ia de modo algum estragar. Seu coração estava transbordando de Amor. 

Sem saber explicar aquela imensidão, a Menina resolveu ir até à praia, talvez o mar a compreendesse, eles estavam do mesmo tamanho... 

Eles, o mar e o coração dela.

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